Um "manual de sobrevivência do caloiro" distribuído nas imediações da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto define os novos estudantes como seres irracionais, servis e obedientes. O Bloco de Esquerda vai confrontar o Governo com esta nova praxe.
Corpo do artigo
"O caloiro não é um ser racional", "assexuado", "não goza de qualquer direito", deve ser "incondicionalmente servil, obediente e resignado" e ser "sempre moderado no uso da palavra (zurra, grunhe, bale e relincha só quando lhe é dada permissão". O "manual de sobrevivência do caloiro" tem sido distribuído, durante esta semana, aos novos estudantes junto da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (UP).
8770934
A praxe é proibida neste estabelecimento há sete anos e o diretor António Fernandes Silva chegou a chamar, no ano passado, a PSP às instalações da faculdade para expulsar membros de comissões de praxe. Para o deputado do BE, Luís Monteiro, o debate "não é geográfico" e pouco importa se o "manual" foi distribuído a "cinco metros" da faculdade. "É certo que as direções das instituições não podem atuar no espaço público mas podem ter gabinetes de apoio e aprovar medidas dissuasoras", insiste.
8769279
O Bloco vai enviar esta quinta-feira um requerimento ao Governo. Além de questionarem o ministro do Ensino Superior sobre se irá intervir junto da direção da FCUP, o BE pergunta a Manuel Heitor se irá aprovar mais mecanismos de integração dos novos estudantes, alternativos às praxes. Para o deputado, as linhas (de telefone e email) criadas para denúncia de praxes abusivas são "pouco publicitadas" e pouco consequentes, pelo que muitos estudantes acabam por desistir das queixas. Luís Monteiro classifica as praxes como "um flagelo" do sistema de ensino superior que deve ser eliminado.