O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, aconselhou, esta manhã, no Porto, os partidos políticos a chegarem a um consenso quanto à nova Lei de Bases da Saúde.
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"O caminho mais próximo entre dois pontos é uma reta, exceto na política, num caminho sinusoidal. Prefiro a reta a essas encruzilhadas e atalhos. Mas às vezes há atalhos. O que importa é que a sociedade não se perca no que é uma tentação, que é a de cada qual, quando chega ao exercício do poder, deixar um traço de criatividade", afirmou o presidente da República na sessão solene de abertura da conferência "O sistema de saúde para o cidadão", organizada pela Universidade do Porto, em cooperação com a Convenção Nacional da Saúde e com os subscritores dos Princípios Orientadores para uma Lei de Bases da Saúde, e que decorre durante todo o dia de hoje na reitoria da instituição.
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Num discurso subtilmente demolidor, e tendo à sua direita a ministra da Saúde, Marta Temido, Marcelo Rebelo de Sousa apelou aos partidos políticos que se esforcem por "transpor o mais possível o consenso de diagnóstico para a terapêutica". O que, ironizou, só traz vantagens. Desde logo, "é o termos que reapreciar o que foi feito e poupar trabalho ao presidente da República". Serenidade, racionalidade e liberdade foram as palavras usadas por Marcelo para apelar a um amplo consenso numa matéria crucial para os portugueses. Avisando: "Ninguém é proprietário dos portugueses".
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Questionado pelos jornalistas à saída da conferência sobre a possibilidade de a nova Lei de Bases da Saúde avançar sem o consenso alargado que pede, Marcelo Rebelo de Sousa lembrou que "a Assembleia da República (AR) está a trabalhar", não podendo "antecipar o que a AR faz". Por outro lado, fez saber, "uma coisa é o presidente da República desejar, neste como noutro domínio, que haja o máximo de entendimento possível, mas não pode ir para além disso porque seria imiscuir-se na vida do Parlamento".
Questionada pelo JN se o Governo, tal como o presidente da República, prefere a linha reta, a ministra Marta Temido limitou-se a afirmar que "o Governo entregou a sua proposta de Lei de Bases à AR em dezembro e que, neste momento, o trabalho que se faz é um trabalho que envolve os grupos parlamentares, que envolve a AR". A governante mostrou-se confiante que será feito "um trabalho que vai sobretudo responder à preocupação central desta conferência: o cidadão, os portugueses".