O presidente da República considerou, este sábado, que os fundos europeus, "milhões que não voltam mais", são "uma razão adicional" para se ir votar nas autárquicas de domingo, referindo que "boa parte" desses recursos passará pelo poder local.
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Numa comunicação ao país, a partir do Palácio de Belém, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que "os próximos quatro ano serão decisivos para o uso dos dinheiros de Bruxelas, desde logo, do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR)", dos quais "já estão aplicados pouco mais de nove mil milhões, mas no todo são 23 mil milhões".
"Neste ano de 2025 não votar é renunciar a uma oportunidade única de beneficiar de uma situação financeira que é irrepetível", defendeu o chefe de Estado, na habitual mensagem presidencial em véspera de atos eleitorais.
Quanto ao PRR, Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou que falta "fazer chegar mais de 13 mil milhões aos beneficiários finais", e que, além desses fundos, há "mais 23 mil milhões" do Portugal 2030, "disponíveis até 2029".
Segundo o presidente da República, os fundos europeus são "uma razão adicional para o voto" porque "boa parte destes elevadíssimos recursos passará pelo poder local, o que vai exigir imenso dos presidentes de câmara, dos vereadores, dos deputados municipais, dos presidentes de juntas de freguesia, dos vogais de juntas".
"Numa palavra: votar amanhã não é só votar naquelas e naqueles que de facto melhor conhecemos, é ao mesmo tempo votar para que apliquem milhões que não voltam mais, dando mais desenvolvimento aos nossos municípios e freguesias", argumentou.
No fim desta sua nona e última mensagem em véspera de eleições, que durou cerca de quatro minutos, Marcelo Rebelo de Sousa recordou o seu passado de autarca em Cascais, Lisboa e Celorico de Basto e sustentou que "sem poder local forte tudo o mais é como que um edifício sem alicerces".
"É como que uma árvore sem raízes, é como que um poder com menos poder, ou mesmo sem poder nenhum de base essencial para a democracia. Por isso, vos dirijo este apelo insistente: amanhã [domingo] votem por vós próprios, pelas vossas famílias, pelas vossas comunidades, pelo vosso futuro. No fundo, votem por Portugal, que sois todos vós", apelou.
O chefe de Estado apontou outros motivos para a participação nas eleições autárquicas, considerando que "não votar é em certa medida renunciar a intervir em problemas concretos: unidades de saúde, escolas, habitação, transportes, segurança, caminhos, estradas, ambiente".
Marcelo Rebelo de Sousa enquadrou as autarquias locais como "a democracia da maior proximidade a funcionar" e realçou que estas eleições acontecem com "muitos autarcas a chegarem ao limite de 12 anos de mandato" e com "um número nunca atingido de listas concorrentes".
Além disso, salientou que entre 2025 e o início de 2026 vai haver três eleições, "para a Assembleia da República, para o poder local e para Presidente da República, em menos de um ano - como só aconteceu no início da democracia, em 1976, 1979 e 1980".
Sobre a campanha para estas eleições autárquicas, o chefe de Estado descreveu-a como "movimentada, disputada, muito intensa, pacífica e civilizada, com temas mais tratados os locais, e não tanto os nacionais ou internacionais" "Ou seja, tudo isto tornando mais relevante ainda o ir votar", concluiu.
As eleições de domingo serão as 14.ª realizadas em democracia para eleger os titulares dos órgãos das autarquias locais: câmaras municipais, assembleias municipais e assembleias de freguesia.
Estão inscritos para votar 9.303.840 eleitores, dos quais 9.262.722 são cidadãos nacionais e 41.118 estrangeiros residentes em Portugal, segundo dados da Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna.
Os eleitores vão eleger os órgãos dirigentes de 308 câmaras municipais, 308 assembleias municipais e 3.221 assembleias de freguesia. Outras 37 freguesias escolherão os respetivos executivos em plenários de cidadãos, por terem menos de 150 votantes.