Margarida Blasco: antiga "polícia dos polícias" fica à frente da Administração Interna
A pasta da Administração Interna, que terá em agenda as reivindicações dos polícias por melhores remunerações, foi entregue a Margarida Blasco, a juíza jubilada que dirigiu o órgão disciplinar da PSP e GNR , durante sete anos, e ganhou a fama de ter "tolerância zero" ao racismo.
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Maria Margarida Blasco Martins Augusto, a independente de 67 anos que vai suceder ao socialista José Luís Carneiro no cargo de ministra da Administração Interna, esteve à frente da Inspeção Geral da Administração Interna (IGAI) no período entre 2012 e 2019. Antes disso, entre 2004 e 2008, esta juíza de carreira tinha sido diretora-geral do Serviço de Informações de Segurança (SIS).
O período em que foi inspetora-geral da Administração Interna ficou marcado por vários casos em que foi levantado o problema do racismo nas polícias, pelo uso excessivo da força. Foram casos em que agentes da PSP foram acusados de violência policial no Bairro da Jamaica, na esquadra de Alfragide e na Cova da Moura, entre outros casos.
Em entrevista ao PÚBLICO e à Rádio Renascença, quando questionada sobre aqueles e outros casos de abuso de autoridade contra cidadãos de etnias diferentes, Margarida Blasco respondeu que "quem pratica este tipo de atos e é condenado deve, como é evidente, ser erradicado". "Queremos forças e serviços de segurança que cumpram intransigentemente os direitos humanos. E nisso somos intransigentes. Podemos compreender determinados fenómenos, mas não pactuamos com eles. E queremos ir a fundo", afirmou em 2018.
Em 2019, dois anos antes de terminar o terceiro mandato na IGAI, Margarida Blasco abandonou cargo para assumir o lugar de juíza conselheira do Supremo Tribunal de Justiça. Dois anos volvidos, em 2021, jubilou-se.
Agora, Margarida Blasco assume um cargo para o qual já tinha sido falada em 2014, quando Miguel Macedo se demitiu do Governo de Pedro Passos Coelho, devido a suspeitas de corrupção (não confirmadas em julgamento).
Uma das suas primeiras empreitadas será a negociação de questões remuneratórias com os militares da GNR e agentes da PSP que marcaram a pré-campanha das Legislativas com protestos em que reclamavam um subsídio de compensação equivalente ao que o Ministério da Justiça atribuíra aos inspetores da Polícia Judiciária.