Maria trocou tabaco pelo cigarro eletrónico: "Passei a abraçar muito mais a minha mãe"
Fumadora há 30 anos, Maria trocou o tabaco tradicional pelo cigarro eletrónico para acabar com o vício, mas ainda não conseguiu.
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Maria, 48 anos, trocou o tabaco tradicional pelo cigarro eletrónico há seis anos, na expectativa de conseguir deixar de fumar, mas o vício tem sido mais forte do que a força de vontade. Fumadora desde os 18 anos, fez apenas duas pausas de 21 meses, quando ficou grávida e até aos filhos completarem um ano. Por respeito, sempre fumou às escondidas da mãe, mas, desde que deixou o cigarro tradicional, passou a abraçá-la e a beijá-la mais vezes, porque se livrou do mau cheiro. "Na juventude, antes de chegar a casa, lavava os dentes três ou quatro vezes e comia laranjas, para me perfumar com fruta natural", conta Maria.
A mãe dizia: "Muitas laranjas tu comes. Sempre achei que ela desconfiava, mas cantávamos as duas a mesma música", observa. "Ainda hoje não fumo à frente dela. Ausento-me, mas agora não tenho receio da aproximação física. Passei a abraçar e a beijar muito mais a minha mãe, porque já não cheiro mal", atenta a fumadora.
Esta vantagem refletiu-se nas relações sociais e com os filhos. "Foi o meu marido quem me influenciou, depois de ter lido muito sobre o assunto", recorda. "A ideia não me agradou. Era mais um acessório e um carregador, mas, dois dias depois, o beijo dele soube-me melhor e já não cheirava a tabaco. E isso entusiasmou-me."
Acendia cigarros
Convencida de que não é tão nocivo para a saúde, Maria passou a ter menos expetoração, deixou de ter tosse, ficou com o cabelo menos oleoso e sentiu melhorias na pele. "Costumo dizer que vou durar mais dois anos do que estava previsto", graceja. Apesar disso, gostaria de deixar de fumar. "Já fiz acupuntura e hipnose, mas não resultou. Estou aberta a experimentar outras soluções que me ajudem. Sozinha e só com a minha força de vontade não consigo, a não ser que apanhe um susto devido a problemas de saúde ou, em situações-limite, a uma crise financeira", diz Maria.
"O cigarro é mesmo um vício. É uma justificação para tudo e para nada. Ou porque estamos alegres ou porque estamos tristes", assegura, comparando o tabaco ao vício do chocolate. "O corpo pede o químico", caso contrário as pessoas não passariam tão mal quando tentam deixar o tabaco.
Trinta anos depois de ter ficado viciada por acender os cigarros dos amigos, Maria ambiciona ter mais saúde e tempo de vida. "Quero deixar o tabaco por todos os motivos. Até pelo mau exemplo que dou aos meus filhos", reconhece. "Já apanhei o mais velho a fumar. Quando descobri, fiquei profundamente triste."