Vogal da Direção identifica-se "a 90%" com o líder cessante, Rodrigues dos Santos. No domingo, Nuno Melo afirmou que Europeias de 2024 podem ser "catalisador" para reerguer o partido.
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Miguel Mattos Chaves, candidato que vai disputar a liderança do CDS-PP com Nuno Melo, considera que é preciso "refundar" o partido. Ao JN, o vogal da Comissão Política Nacional dos democratas-cristãos diz concordar "a 90%" com o líder cessante, Francisco Rodrigues dos Santos, e critica Melo. Homem do mundo empresarial, garante estar habituado a gerir passivos maiores do que o do CDS e quer impedir o partido de deixar a sede do Largo do Caldas.
"Quero refundar o CDS. É preciso adequar o partido aos tempos modernos, sem desvirtuar a matriz conservadora e democrata-cristã", refere Mattos Chaves. A defesa de uma economia com "justiça social" diferencia-o "completamente" dos liberais, acredita.
O vogal da Comissão Política diz não ser ainda tempo de esmiuçar o passado, mas ensaia uma explicação para o que correu mal: "A certa altura, o partido quis agradar a toda a gente, mas quem quer agradar a todos acaba por não agradar a ninguém".
Embora também evite falar de Nuno Melo, Mattos Chaves deixa um reparo à postura adotada pelo eurodeputado durante o mandato de Rodrigues dos Santos. "Não fiquei nada contente em ter ouvido esse candidato, a pretexto de criticar a Direção, atacar sistematicamente o partido", frisou. "A oposição interna não ajudou nada a que o CDS tivesse um melhor resultado".
Mattos Chaves não tem, para já, o apoio declarado de Rodrigues dos Santos, mas não esconde que se sente próximo do ainda líder. "Estou de acordo a 90% com o que ele fez", referiu, lembrando que o ex-líder do partido foi o primeiro candidato que apoiou desde Ribeiro e Castro, em 2005.
Questionado sobre o edifício-sede do partido, em Lisboa, responde que este é "um símbolo" que o CDS "não pode perder". Contudo, não se mostra demasiado preocupado com a instabilidade financeira do CDS: "Já tive de gerir passivos de 15 e 20 milhões de euros. Gerir um passivo de 0,5 milhões não me oferece grande dificuldade".
Melo falou com portas
Ontem, Nuno Melo, também candidato, argumentou que as próximas eleições europeias, marcadas para 2024, poderão funcionar como um "catalisador" para as legislativas de 2026. Em entrevista à SIC, o eurodeputado admitiu que o resultado de janeiro foi "muito mau", mas assinalou que, em democracia, "não há resultados definitivos".
Questionado sobre se pediu conselhos a Paulo Portas antes de avançar, Melo - que é conotado com a ala "portista" do partido - respondeu que fala "muitas vezes" com o antigo líder. Portas é "uma das pessoas mais inteligentes" que conhece na política, realçou. v