O eurodeputado do CDS, Nuno Melo, candidata-se à liderança do partido e quer pôr os democratas-cristãos a falar de ambiente e de transição digital, de modo a cativar os jovens. Ao JN, confessou-se "preocupado" com a situação financeira do CDS, que poderá levar ao despedimento de funcionários e à saída do edifício do Largo do Caldas, onde o partido tem a sede.
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"Hoje não começa a última batalha de um CDS perdido. Hoje começa a primeira batalha para um CDS renascido", afirmou Nuno Melo este sábado, em Lisboa, durante a apresentação da candidatura. Na sede do CDS estiveram presentes largas dezenas de apoiantes, entre eles os ainda deputados Telmo Correia e Pedro Morais Soares ou o antigo líder parlamentar Nuno Magalhães.
Embora tenha admitido que a sua missão será "difícil", e "carregada de obstáculos", Melo procurou mostrar que está à altura do desafio. "Nunca tanto como hoje senti a obrigação de dar o peito às balas pelo meu partido", afirmou.
Perante a perda da representação parlamentar nas legislativas do último dia 30, o eurodeputado reconheceu que o CDS tem de se "adaptar às novas realidades". Nesse sentido, prometeu um partido mais atento a temas como o ambiente, a transição digital ou a igualdade salarial entre homens e mulheres.
Ao JN, referiu que estes temas "não têm de ser de Esquerda", porque se trata de "civilização e justiça". Além de que pertencem às "novas agendas, à volta das quais hoje gravita, principalmente, o eleitorado jovem". Este, segundo Melo, "não se move nem pela História nem pelo passado", mas sim "por respostas concretas para problemas muito reais".
Na sua intervenção, que não teve direito a perguntas, o eurodeputado admitiu que a perda de representação parlamentar criou um "obstáculo financeiro" ao partido. Revelando sentir "angústia" por haver funcionários com o emprego "em risco", garantiu: "Não receberei um cêntimo como líder do CDS nos próximos dois anos".
Mais tarde, ao JN, reforçou os seus receios quanto às contas do partido: "Só posso ficar preocupado", frisou. Contudo, recusou comentar sobre a eventual saída do CDS da sede emblemática do Largo do Caldas, devido aos custos. Ao que o JN apurou, essa hipótese estará, de facto, em cima da mesa.
Melo também admitiu vir a trabalhar com o líder demissionário e seu adversário interno, Francisco Rodrigues dos Santos. "Vejo-me a trabalhar com qualquer pessoa que, de boa fé, queira o melhor para o CDS. Quero fazer pontes, não quero criar barreiras", concluiu. O congresso do partido está marcado para 2 e 3 de abril, em local ainda a definir.