Os medicamentos não sujeitos a receita médica são mais caros nas farmácias do que nas parafarmácias e nos hipermercados, segundo um estudo da Deco Proteste. A diferença de preços chega a atingir os 14% e os preços também têm estado a aumentar nos últimos cinco anos.
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Além das farmácias, os medicamentos que não estão sujeitos a receita médica podem ser vendidos noutros locais, desde que autorizados, tais como os supermercados e as parafarmácias. Desde que a venda livre se tornou possível, o preço deixou de ser fixado pelo Estado, o que tem levado a grandes diferenças no valor.
A Deco Proteste, organização portuguesa de defesa de consumidores, analisou um cabaz com 26 medicamentos de venda livre, em diferentes estabelecimentos por todo o país e concluiu que nas farmácias estes medicamentos são mais caros. Chegam a ter um valor 14% superior aos que são praticados nos outros estabelecimentos de venda livre.
Por exemplo, uma caixa de Ben-u-ron (500mg) num hipermercado custa, em média, 2,25 euros e nas farmácias o preço ronda os 2,79 euros. Nos supermercados, o preço do Daflon (1000 mg) é em média de 18,84 euros e nas farmácias aumenta cerca de 2,50 euros (21,36 euros). Também o Voltaren Emulgelex Gel (20 mg/g), embalagem de 180 g, custa mais dois euros numa farmácia do que num hipermercado, segundo os dados da Deco Proteste.
Ou seja, a poupança é maior se o utente optar por comprar nos hipermercados ou nos supermercados, onde os 26 medicamentos custam, no total, cerca de 218 euros. Nas parafarmácias de rua, o preço deste cabaz sobe para os 232 euros mas, ainda assim, compensa em relação às farmácias, nas quais o preço seria de 245 euros. A compra é ainda mais cara se for feita através das farmácias online, onde o cabaz tem um preço que ronda os 252 euros.
Quase 90% mais caros do que em 2018
A DECO PROTESTE calculou a média do cabaz, tendo por base os dados de todos os estabelecimentos que participaram no estudo, e concluiu que além da diferença entre superfícies comerciais, o mesmo medicamento pode ter valores diferentes de distrito para distrito. A média em Castelo Branco e na Guarda é mais baixa (210 euros) do que a média em Beja (252 euros), por exemplo. Na média dos vários distritos do país o cabaz custa 237 euros.
O estudo comparou ainda os preços deste ano com os praticados em 2018 e "em média, todos os medicamentos estão mais caros", afirma Susana Santos, coordenadora da área da saúde da Deco Proteste.
"Por exemplo, o Trifene 200, 20 comprimidos, está 89% mais caro em 2023 por comparação com 2018. No atual momento de estrangulamento financeiro, estas variações de preço podem ser decisivas para que um consumidor possa ou não comprar medicação", alerta, citada no comunicado.