O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) anunciou esta sexta-feira que convocou greve nacional nos dias 25, 26 e 27 de julho. O sindicato avançou ainda com vários dias de greves regionais durante o verão, nos meses de agosto e setembro.
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Após ter reunido uma última vez esta tarde com o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, o Conselho Nacional do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) aprovou a convocação de novas greves, descontente com o resultado do protocolo negocial dos últimos 14 meses.
Em conferência de imprensa esta tarde, Jorge Roque da Cunha, presidente do SIM, garantiu que, apesar de o sindicato ter mantido "até ao último segundo" da reunião "um total comprometimento" em encontrar uma solução que reflita o valor do trabalho da classe e que evitasse formas de luta que comprometam o acessos dos portugueses aos serviços de saúde, não poderam aceitar um acordo "injusto" e "sem sentido" em relação à nova grelha salarial para a carreira especial médica e para a carreira médica do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
O sindicato convocou assim uma greve nacional de três dias e várias outras específicas e regionais durante os meses de agosto e setembro uma vez que Pizarro de "forma irresponsável" persistiu em não apresentar uma grelha "séria" e "digna" à classe, justificou o secretário-geral do SIM. Roque da Cunha apelou ainda que a Federação Nacional de Médicos se junte aos três dias de greve nacional, bem como os profissionais do setor privado no dia 26 de julho.
"Tudo fizemos para atingir um acordo justo que combata a erosão de mais de 22% dos salários médicos nos últimos 10 anos", afirmou o presidente do sindicato.
Para além da greve nacional geral a todos os serviços públicos nos dias 25, 26 e 27 do próximo mês, arrancará primeiro uma paralisação às horas extra nos cuidados de saúde primários e à produção adicional nos hospitais no dia 24 de julho, prolongando-se até 22 de agosto. Está ainda agendada uma greve nacional de médicos internos para os dias 16 e 17 de julho. Roque da Cunha salvaguardou, assim, que não serão agendadas greves para as duas semanas em que o país recebe a Jornada Mundial da Juventude (JMJ).
Quando às greves regionais (cada uma com a duração de dois dias), a primeira região a entrar em greve será o Centro nos dias 9 e 10 de agosto, seguindo-se a região de Lisboa e Vale do Tejo (como em Lisboa, Oeiras, Amadora, Sintra e Santarém) nos dias 23 e 24 de agosto, as regiões do Alentejo, Algarve e Açores nos dias 30 e 31 de agosto.
Em setembro, seguem-se greves na região Norte (Porto, Trás-os-Montes, Santo Tirso, Maia, Valongo, Póvoa do Varzim e Vila do Conde) nos dias 6 e 7, noutras zonas da região de Lisboa e Vale do Tejo (Cascais, Loures, Odivelas, Almada, Seixal, Montijo, Setúbal e, novamente, Lisboa) nos dias 13 e 14, e, por último, outras regiões no norte do país (nomeadamente Guimarães, Vizela, Terras de Basto, Famalicão, Braga, Barcelos, Aveiro, Gondomar e, novamente, Porto) nos dias 20 e 21 de setembro. Não estão previstas greves na região autónoma da Madeira, uma vez que houve acordo entre todos os sindicatos e o Governo regional.
Questionado se o SIM continuará a discutir melhorias com a tutela, Roque da Cunha salvaguardou que estão "totalmente abertos e disponíveis" para que continuem este processo já na próxima semana, apelando que tanto o ministro da Saúde como o das Finanças, Fernando Medina, tenham em atenção a situação que os portugueses atualmente enfrentam fruto do aumento do custo de vida.
O líder do SIM exige do Governo "seriedade" e "capacidade negocial" para que se cheguem a condições de fixar os médicos e melhorar o atual funcionamento do SNS.
FNAM mantém greves
Recorde-se que a FNAM tem também greve nacional agendada já para a próxima semana, nos dias 5 e 6 de julho, e avançou com a possibilidade de vir a convocar novas paralisações para agosto. Depois da reunião desta tarde, a Comissão Executiva da FNAM decidiu manter as paralisações.
Entretanto, o ministério da Saúde tenta uma última ofensiva para evitar este calendário de paralisações. Segundo a Agência Lusa, a tutela convocou os sindicatos dos médicos para reuniões já para a próxima semana: Pizarro voltará a sentar-se à mesa com os representantes do SIM na quarta-feira, 5 de julho, e da FNAM nos dias 7 e 11 de julho.
Apesar de os encontros terem terminado sem acordo, Roque da Cunha salientou que este processo negocial foi "mais positivo" do que o que aconteceu nos anos anteriores com Marta Temido, em que a antiga ministra da Saúde nem aparecia à mesa das negociações.