Médicos cortam horários a professores e forçam escolas a refazer planos
Três semanas após o arranque do ano letivo e num momento em que há grupos de recrutamento com listas quase esgotadas, os diretores estão a ser forçados a lançar contratações para substituir professores que foram a consultas de medicina do trabalho e ficaram com horário reduzido ou dispensados de dar aulas. Há escolas que tiveram de lançar cinco horários, outras mais de 30. É um rastilho de pólvora que pode agravar a falta de docentes em todo o país, alerta o presidente da associação nacional de diretores (ANDAEP), Filinto Lima.
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O Governo anunciou, em abril, que vai contratualizar o serviço de medicina do trabalho para o ensino público. A 29 de julho chegou às escolas uma nota informativa. Nesta fase de transição, vão obrigatoriamente à consulta os docentes que regressaram de baixa superior a 30 dias, desde agosto, quer tenham, ou não, ido à Junta Médica; os que voltem após doença profissional ou acidente de trabalho e os que se apresentam ao serviço com mobilidade por doença.
"Quando tivermos de ir todos será um caos", teme Filinto Lima. A nota de julho impõe aos diretores o cumprimento "imediato" da prescrição assinada pelos médicos. "Já há diretores à beira de um ataque de nervos", afirma o presidente da ANDAEP, garantindo que não há agrupamento no país sem casos destes. "Mesmo em situações em que são cinco, sete ou dez professores, é preciso reorganizar o serviço de muitos mais. Os horários são um puzzle", frisa.