Os Médicos do Mundo pedem medidas urgentes para fazer face às dificuldades no acesso a cuidados de saúde em Portugal, numa carta enviada aos partidos políticos que se apresentam às próximas eleições legislativas.
Corpo do artigo
Os Médicos do Mundo (MdM) partem da premissa da Declaração Universal dos Direitos Humanos e do Direito Internacional Humanitário para fundamentar a exigência "de medidas urgentes e claras para alterar o atual panorama" no SNS no país.
A Organização Não-Governamental desabafa, numa carta enviada aos partidos políticos, que todos os dias "testemunham, na sua intervenção nas ruas e nos domicílios, o sofrimento daqueles que não têm acesso a cuidados de saúde".
Os MdM são peremptórios ao pedir a diminuição "do esforço das famílias face às despesas com a saúde", considerando que Portugal é um dos países, onde as famílias pagam mais no acesso à Saúde, exigindo que o Estado esteja atento "à ação dos grandes grupos privados, que canalizam a seu favor os recursos disponíveis no sistema e exercem pressão sobre as políticas e os serviços públicos". Outra exigência que fazem é "impedir o esvaziamento do Serviço Nacional de Saúde, que não só diminui a incapacidade de resposta, como compromete a formação de novos profissionais".
A MdM lembra ainda que "o acesso à saúde não se faz sem que seja garantido o acesso aos medicamentos e terapêuticas inovadoras". "Muitos portugueses continuam a não conseguir adquirir os medicamentos de que precisam, por dificuldades financeiras, e também se verifica uma sobrecarga da despesa pública com terapêuticas inovadoras", explicam.
A organização considera fundamental "valorizar os setores social e privado sem fins lucrativos", que continuam a ser parentes pobres do SNS, face a forma como são contratados e pagos os seus serviços, "quando são estes que asseguram o acesso a cuidados de saúde às populações em situação de vulnerabilidade".
Na carta, a MdM, que assume "o compromisso em dar voz a quem não tem e defender os direitos mais essenciais, como é o direito à saúde", deixa o desafio às forças políticas para que se pronunciem não só sobre "a atual situação da saúde e do acesso a cuidados de saúde em Portugal, como sobre os valores e princípios orientadores das políticas que defendem".