A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) não entende porque é que o Governo ainda não apresentou nenhuma proposta sobre as matérias em discussão, sendo uma delas a revisão das grelhas salariais. "É uma falta de respeito", afirmou Joana Bordalo e Sá, presidente da estrutura sindical.
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As negociações entre os sindicatos dos médicos e o Ministério da Saúde já duram há alguns meses mas ainda não há propostas por parte da tutela, apontam as estruturas representativas dos médicos. Durante a manhã desta terça-feira, a FNAM voltou a reunir-se com o Ministério da Saúde, resultando no descontentamento do sindicato.
"A nossa expectativa era discutir as grelhas salariais mas não aconteceu. É uma falta de respeito para com todos os médicos", afirmou Joana Bordalo e Sá ao JN no final da reunião. Acrescentou, ainda, que só receberam a ordem de trabalhos para a reunião 12 horas antes.
Em declarações ao JN, a presidente da FNAM chamou a atenção para o prazo das negociações, que está a esgotar-se, terminando no final de junho. "Faltam 39 dias e não há nenhuma proposta", alertou.
Na reunião, apenas, esteve em cima da mesa as Unidades de Saúde Familiar (USF) modelo B, tendo o Governo assumido a hipótese de generalizar o modelo organizacional. No entanto, não há nenhuma proposta. "Não basta discutir o assunto, é preciso saber como se vai fazer, é preciso propostas", afirmou Joana Bordalo de Sá.
"Esperamos que na próxima reunião haja o bom senso de apresentarem propostas concretas", assume a dirigente sindical. O próximo encontro deverá acontecer a 2 de junho.
Nem uma hora extra a mais
Como resposta à falta de atitude por parte do Governo, a FNAM avisa que os médicos só irão cumprir o limite de horas extraordinárias obrigatórias. "Os médicos são obrigados a cumprir até 150 horas extraordinárias anuais, um limite ultrapassado todos os anos dada a enorme carência de serviços, e já ultrapassado por muitos médicos", garantiu a federação em comunicado. Além disto, a FNAM prevê períodos de greve durante os meses de verão.
Insensibilidade do Governo
Na passada semana, a 16 de maio, o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) também lamentou os atrasos na apresentação de uma proposta de revisão das grelhas salariais, após reunirem com o ministro da Saúde, Manuel Pizarro. "Na curta reunião que tivemos com o ministro da Saúde, deixamos muito bem claro que o tempo se está a esgotar", afirmou o secretário-geral do SIM, Jorge Roque da Cunha.
"A situação é gravíssima e custa-nos perceber a insensibilidade do Governo em relação aos problemas de saúde dos portugueses, já que não tem apresentado soluções credíveis", lamentou ainda Jorge Roque da Cunha.