A organização europeia que representa 50 mil médicos internistas assumiu que devem ter um papel no combate à degradação ambiental. Sensibilização dos pacientes, tratamento de doentes afetados pelas alterações climáticas e redução da pegada ecológica da saúde são algumas das soluções.
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A Federação Europeia de Medicina Interna (EFIM) divulgou esta quarta-feira a sua posição face às alterações climáticas e quanto à responsabilidade que os médicos têm em relação à degradação ambiental, num documento publicado no European Journal of Internal Medicine, uma das mais prestigiadas revistas médicas da Europa.
Neste documento, a EFIM defende que os médicos internistas europeus, juntamente com as sociedades de medicina interna europeias, assumam um papel ativo em assuntos relacionados com as alterações climáticas.
Luís Campos, antigo presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna e atual presidente da Comissão de Qualidade dos Cuidados e Assuntos Profissionais da EFIM, entende que "as consequências destas alterações já estão a ter um impacto significativo na saúde das pessoas" e acrescenta que "os médicos - como defensores dos doentes, mas também como cidadãos - têm a obrigação ética de se envolverem nos esforços para travar estas mudanças".
A organização europeia e as 36 sociedades de 34 países membros que a compõem defende a promoção de atividades educativas e o desenvolvimento de um conjunto de ferramentas que capacitem os médicos internistas para melhor tratar pacientes que sofram das repercussões das alterações climáticas na saúde.
Pegada ecológica da saúde
Nesta tomada de posição, a EFIM sustenta que "os médicos - enquanto defensores dos seus pacientes, mas também como cidadãos - têm uma obrigação ética de estarem envolvidos neste movimento global" e que existe "um sentido de urgência nesta questão".
A federação que representa mais de 50 mil médicos internistas da Europa e do Médio Oriente recomenda ainda que a temática ambiental e a responsabilidade médica na redução da pegada ecológica seja inserida na formação médica de pré e pós-graduação. Congressos científicos e reuniões médicas serão outras das circunstâncias em que os profissionais de saúde podem ser alertados para o tema, sublinha a EFIM.
"A nível nacional, isto inclui a defesa da adoção de medidas que reduzam as emissões de gases com efeito de estufa e a degradação ambiental e, contribuam para as decisões políticas relacionadas com estas questões. A nível hospitalar e na prática clínica, é vital apoiar as ações do setor da saúde para reduzir a sua pegada ecológica", lê-se no documento.