Os mecanismos tecnológicos serão usados para monitorizar ou melhorar sintomas de algumas doenças.
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Nos próximos anos, os utentes poderão sair de uma consulta médica com a prescrição de soluções digitais, à semelhança do que já acontece com os medicamentos. Em cima da mesa estão, não só, mecanismos de monitorização da doença, mas também instrumentos que permitam ao doente gerir a toma de fármacos e ferramentas que ajudem na melhoria dos sintomas, sobretudo na saúde mental. Um estudo desenvolvido pela consultora Deloitte para a Health Cluster Portugal, e que é apresentado esta quarta-feira, sugere a criação de um diretório nacional de soluções digitais.
"Apesar de Portugal ser um país competitivo no que toca ao desenvolvimento de soluções digitais [na área da Saúde], existe a necessidade de pensar como é que estas soluções vão chegar ao mercado", aponta Patrícia Patrício, gestora de conhecimento da Health Cluster Portugal. Atualmente, existem alguns mecanismos a ser usados pelos pacientes do setor privado. No caso do setor público, está a ser desenvolvida uma solução digital para os utentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS), que terá de ser prescrita pelos médicos. "É uma solução de telemonitorização dos doentes", acrescenta ao JN.
Na prática, o diretório agregador recomendado pelo estudo permitiria a um profissional de saúde aceder a uma espécie de base de dados e prescrever uma solução digital, como uma aplicação móvel, a um utente. Tal como acontece com os medicamentos, sujeitos a comparticipação, o uso dos mecanismos tecnológicos poderia exigir um "co-pagamento" entre o Estado e o utente, entre o Estado e uma seguradora ou entre o Estado e a empresa que desenvolveu a solução digital.
Apps no pós- cirurgia
"O objetivo é que tenha um custo reduzido para o utente ou mesmo nenhum", explica Patrícia Patrício. O médico teria ainda de ter a "sensibilidade" para saber quais os utentes que mais beneficiariam da prescrição de soluções digitais, tendo em conta os graus de literacia digital dos pacientes.
Há países europeus com soluções digitais já no terreno e com modelos de financiamento definidos. Na Bélgica, a aplicação moveUP Coach permite acompanhar os pacientes que colocaram uma prótese total da anca ou do joelho, através da indicação de exercícios. O uso do mecanismo é pago pelo utente, que será depois reembolsado por um instituto público.