O Sindicato Independente dos Médicos convocou mais uma greve regional a decorrer entre quarta e quinta-feira. Desta vez, os impactos serão sentidos nos hospitais e centros de saúde do Algarve, do Alentejo e dos Açores.
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"Depois da proposta que o Governo fez de um aumento salarial aos médicos de 1,6%, não nos restou outra possibilidade e, entendemos fazer um conjunto de protestos", afirmou Jorge Roque da Cunha. O secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) acrescenta que tentaram "evitar ao máximo as greves" porque estas "afetam fundamentalmente os já débeis utentes do Serviço Nacional de Saúde".
As paralisações convocadas pelos sindicatos médicos têm sido constantes. Esta semana, os médicos do Algarve, Alentejo e Açores têm greve marcada para quarta e quinta-feira. O SIM acredita numa forte adesão, à semelhança do que tem acontecido com as paralisações regionais anteriores, que superaram sempre os 80%.
Ainda antes da data da próxima reunião com o Governo, agendada para 11 de setembro, o sindicato convocou uma greve regional no Norte do país, a decorrer nos dias 6 e 7 do próximo mês. "Temos feito tudo [para chegar a um acordo]" salientou Jorge Roque da Cunha. No entanto, o secretário-geral do SIM diz estar pessimista, quanto a um entendimento breve, devido à "incapacidade que o Governo demonstrou nos últimos 14 meses de fixar os médicos no SNS".
"Naturalmente gostaria que o meu pessimismo fosse ultrapassado mas, infelizmente, tudo indica a necessidade de mantermos este tipo de protesto que, como disse, não o desejamos", concluiu Jorge Roque da Cunha. O sindicato já anunciou uma paralisação para os dias 13 e 14 de setembro em Lisboa e Vale do Tejo e, nos dias 20 e 21 novamente no Norte.
A Federação Nacional dos Médicos também convocou uma greve nacional para os dias 14 e 15 de novembro juntamente com uma manifestação em frente ao Ministério da Saúde marcada para o primeiro dia.
Falta de investimento no SNS
Para Jorge Roque da Cunha é fundamental que exista um investimento no SNS e relembra que os grandes investimentos anunciados pelo Governo, nem sempre se concretizam. "No [último] Orçamento de Estado foram aprovados cerca de 550 milhões de euros de investimento e, a verdade, é que a sua execução trouxe cerca 220 milhões", explica o secretário-geral do SIM.
Além disso, afirma que a situação atual do SNS continuará a piorar, "se o Governo persistir nesta atitude de total insensibilidade aos cerca de 1,6 milhões de portugueses sem médico de família, às listas de espera que continuam a aumentar e, à obsolescência dos equipamentos do Serviço Nacional de Saúde".
Com este conjunto de protestos, "esperamos que finalmente o ministro das Finanças não se deixe deslumbrar pelos corredores alcatifados de Bruxelas e pelas palminhas nas costas que dão em termos de distribuição orçamental", atirou Jorge Roque da Cunha. Acrescenta, ainda, que é "fundamental que o Governo passe das palavras de amor que proclama o Serviço Nacional de Saúde para o investimento".