O Governo congratula-se por ter deixado de ser só beneficiário e integrar pela primeira vez o RescEU, mas não descura as ferramentas que a montante podem prevenir as ignições.
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“Os meios aéreos são muito importantes, mas são a tranca na porta de uma casa que já está roubada, porque atuam quando os incêndios já estão a lavrar”. A afirmação é do ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, que visitou na manhã desta segunda-feira, dia 21 de agosto, os meios aéreos de combate a incêndios financiados pela União Europeia, no âmbito do Mecanismo Europeu de Proteção Civil (RescEU), pré posicionados no Aeródromo Municipal de Castelo Branco.
Acompanhado da ministra da Defesa Nacional, Helena Carreiras, o tutor da pasta da Administração Interna, destacou que estes são meios “da frota aérea europeia de combate a incêndios, uma parelha de aviões anfíbios Fire Boss, que estão em estado de prontidão para apoiar de forma mais rápida as autoridades portuguesas e espanholas em caso de necessidade”, passando de mero beneficiário do sistema a cooperante.
Ter estes meios neste aeródromo próximo da fronteira implicou um investimento da ordem dos 2,5 milhões de euros, 75 por cento dos quais financiados pela União Europeia. A visita dos governantes simboliza a materialização do projeto que começou a ser negociada pelos ministros do interior em Bruxelas em setembro do ano passado, integrando assim Portugal, pela primeira vez, a frota de aeronaves do RescEU. A par dos meios aéreos, chegaram 24 operacionais da Finlândia que estão a trabalhar com a Força Especial de Proteção Civil, na Sobreira Formosa, concelho de Proença-a-Nova e em Trancoso.
Este mecanismo, segundo o governante, assenta em dois pilares, “o da solidariedade e o da cooperação dos diversos estados membros”, que definiram como objetivos “reforçar os meios humanos e aéreos; antecipar os meios aéreos; e pré posicionar esses meios”.
José Luís Carneiro reitera que “perante as imagens que chegam diariamente do Canadá, do Havai, de Espanha ou da Grécia, verificamos que a humanidade enfrenta riscos comuns e só os minimizaremos trabalhando em conjunto”.
O trabalho conjunto envolve as entidades que integram a nível nacional o Dispositivo Especial de Combate aos Incêndios Rurais, ou os meios que possam vir deste mecanismo europeu, mas o caminho começa em cada cidadão. “Só o cuidado de todos para evitar os incêndios é que nos permite estar bem preparados para enfrentar os incêndios. Evitar as ignições, o uso do fogo, seja para fins agrícolas ou para lazer, o uso das máquinas agrícolas e florestais (que nestes dias especialmente exigentes que vamos ter está proibido pela ANEPC), porque o cuidado de todos é que dá verdadeira resposta aos incêndios”.
Nesse sentido, José Luís Carneiro avança que a tutela “vai pedir e sensibilizar os portugueses para ajudarem a prevenir os incêndios. Até às chuvas do outono e inverno, vamos ter períodos muito quentes, picos de calor, seguidos de abrandamento das temperaturas e são estas variações, sobretudo quando a temperatura desce, leva os cidadãos a relaxar nas suas necessidades, nomeadamente no uso do fogo e maquinaria”, mas “temos todos de cuidar de todos e a melhor forma é ter um cuidado imenso e evitar as ignições. As condições climatéricas são cada vez mais exigentes, como vemos noutros países e enfrentar esse risco tem de ser num esforço conjunto”.
Antes do combate, a aposta deve passar também pelo pilar da prevenção. Nesse âmbito, o programa Aldeia Segura – Pessoas Seguras e os Condomínios de Aldeia podem fazer a diferença, alias, como fizeram nas aldeias do concelho de Proença-a-Nova (no incêndio de 4 a 6 de agosto) onde está implementado o Condomínio de Aldeia. “Tivemos um acréscimo de mais 2300 aglomerados seguros em todo o país. Houve um
esforço de crescimento desenvolvido pelas autarquias e por todas as forças de segurança, forças e serviços que integram o sistema de proteção civil, esforço que está a ser alvo de avaliação, até por vários estudos académicos. É depois preciso olhar para as conclusões para podermos dar um novo salto de crescimento nessas experiências de autoproteção das comunidades locais. É um trabalho que vai ser feito e diria que na preparação do ano 2024, no outono, seguramente teremos orientações políticas para podermos voltar a crescer, depois do esforço de crescimento que estamos agora a consolidar”.