Metade dos autarcas da Área Metropolitana do Porto forçada a sair ou a saltar de município
Porto e Gaia concentram atenções, com saídas de Rui Moreira e Eduardo Vítor Rodrigues. PS parte em vantagem para 2025. Trocas de concelhos admitidas.
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Nas eleições autárquicas de 2025, metade dos presidentes de Câmara da Área Metropolitana do Porto vai ter de sair, devido à limitação de mandatos. Alguns já admitem a possibilidade de mudar de município, numas eleições em que o PS parte em clara vantagem, por deter 11 das 17 câmaras e as atenções estão voltadas para Porto e Vila Nova de Gaia, devido ao fim da era Rui Moreira e Eduardo Vítor Rodrigues.
Se, até aqui, o "picante" estava na capital de distrito, onde a existência do "Porto, o Nosso Movimento" pode deixar de fazer sentido face à forçosa saída de Rui Moreira, que completa o terceiro mandato, agora as atenções também estarão voltadas para Vila Nova de Gaia, onde a operação Babel abriu a hipótese de o PSD reconquistar a Autarquia.
A operação Babel colocou o "natural" sucessor de Eduardo Vítor Rodrigues em prisão preventiva. O vice-presidente da Câmara de Gaia é suspeito de corrupção no âmbito do licenciamento de projetos. E "tocou" ainda outro possível candidato da área socialista, o presidente da Metro do Porto, Tiago Braga, devido às suspeitas de que Patrocínio Azevedo o terá tentado envolver nos "esquemas".
A situação em Gaia pode afetar ainda o Porto, dado que Eduardo Vítor Rodrigues era visto como uma possibilidade para tentar recuperar a autarquia, perdida em 2001. O presidente da Câmara de Gaia não foi envolvido na operação Babel, mas foi constituído arguido por suspeitas de favorecimentos em contratações de um militante socialista. Contactado pelo JN, Eduardo Vítor Rodrigues remeteu-se ao silêncio. Mas o seu rival na corrida pela Federação do Porto admitiu que o PS "parte coxo" para as próximas autárquicas. "É um ónus excessivo", considera João Pedro Pereira, defendendo que o autarca de Gaia deveria "abdicar do seu lugar no PS/Porto".
Recuperar a Junta
Apesar disso, o PS mantém fortes possibilidades de conquistar o Porto, por ser atualmente a segunda força política. Em terceiro lugar, o PSD tem mantido um "namoro" meio público com o movimento de Rui Moreira. Dos sociais-democratas espera-se uma recuperação eleitoral. Mas, apesar de o PSD possuir apenas quatro das 17 autarquias, o líder distrital aponta como objetivo a recuperação da presidência do Conselho Metropolitano. "É para aí que estamos a apontar", antecipa Sérgio Humberto.
O líder do PSD/Porto não esconde que as apostas do partido estão nos concelhos com autarcas socialistas em fim de exercício (Valongo, Gondomar e Gaia), além do Porto (independente). Mas aponta também para autarquias do distrito com presidentes de Câmara a cumprir o segundo mandato, como Felgueiras, Marco de Canaveses e Paços de Ferreira.
Sérgio Humberto, que termina o seu ciclo na Trofa, ainda não decidiu o seu futuro. "Gostaria de continuar ligado à política e contribuir para o desenvolvimento do meu país", revela, apenas.
Mudanças em vista
Outros autarcas, porém, admitem mudar de concelho. É o caso do socialista de Gondomar, Marco Martins, e do social-democrata de Santa Maria da Feira, Emídio Sousa. "Não vou parar. Não vou reformar-me. Não ponho de parte nenhuma hipótese. Tenho muitas ligações a muitos outros concelhos", diz Emídio Sousa.
"Não decidi. Continuo com o meu lugar na Comissão de Vinhos Verdes. Até lá, quero continuar a trabalhar", afirma, por sua vez, o autarca de Vale de Cambra, o centrista José Pinheiro.
Pormenores
Três PS e três PSD
Dos oito dos 17 concelhos da Área Metropolitana do Porto com presidentes de Câmara que estão no terceiro e último mandato, três são do PS (Vila Nova de Gaia, Valongo e Gondomar), três são do PSD (Póvoa do Varzim, Trofa e Santa Maria da Feira), um é independente (Porto) e outro é do CDS-PP (Vale de Câmara).
Segundo mandato
Já em seis concelhos do Grande Porto, os presidentes de Câmara estão a cumprir o segundo mandato. Cinco são do PS: Santo Tirso, Paredes, Matosinhos, Arouca e Oliveira de Azeméis. E um é do PSD: Maia. Três têm autarcas novos.