Mais de metade dos portugueses está convencido que o ambiente de trabalho é uma das principais causas de dor, segundo um estudo apresentado pela GSK, em Oeiras.
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No debate que decorreu a seguir à apresentação dos dados, André Macedo, o moderador, sublinhou a inevitabilidade da conclusão. Afinal, é no trabalho que passamos uma grande parte do dia e muitas vezes sentados, justificou. Mas o professor da Universidade do Porto, José Castro Lopes, corrigiu-o prontamente. "Não devia ser natural pensarmos dessa forma. Há formas de prevenir a dor no local de trabalho", disse.
Eu que trabalho diante do computador devia, de meia em meia hora, levantar-me e dar uma voltinha
José Castro Lopes não responsabiliza só a entidade patronal por este impacto negativo na vida das pessoas e em última análise no rendimento, mas inclusive o próprio trabalhador. "Tem a ver com as condições de trabalho mas também com a própria pessoa. Eu que trabalho diante do computador devia, de meia em meia hora, levantar-me e dar uma voltinha e ninguém me impede de o fazer".
Já há empresas atentas aos efeitos do sedentarismo, que optaram por colocar mesas mais altas, que permitem trabalhar em pé, ou melhores cadeiras, explica, mas ainda há muito por fazer. "As empresas deviam ter consciência que essas medidas previnem problemas de saúde que depois podem ser bastante desvantajosos: não é só a baixa médica, mas a produtividade que diminui, e temos também aquelas pessoas que vão para o trabalho mas não trabalham. Não estamos só a falar de absentismo mas de presentísmo, as pessoas vão trabalhar mas devido às dores não conseguem trabalhar".
As pessoas vão trabalhar mas devido às dores não conseguem trabalhar
O estudo revela ainda que 55% assume ir para o trabalho incomodado com dores físicas. Curiosamente, só 20% referiu ter faltado ao trabalho por causa de dores no corpo e 9% por causa de dores de cabeça.
A dor afeta também a vida social e familiar dos portugueses. Segundo o mesmo levantamento, 42% dos portugueses não vai ter com amigos por causa de alguma dor, 40% vê-se impedido de se reunir com a família e 70% revela ter menos paciência para estar e brincar com os filhos precisamente por causa desse mau estar.
Nos resultados mais genéricos, a pesquisa, que se baseou em 500 inquéritos online, conclui que 61% dos entrevistados sentiu dores no corpo na última semana e que, por género, as mulheres são as mais afetadas (52%).