ICNF está a trabalhar em medidas para travar compra de animais por impulso e fomentar adoção responsável.
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Desde outubro, passou a ser obrigatório que todos os animais de companhia (gatos, cães e furões) tenham microchip, sendo esta apontada como uma das medidas que, a longo prazo, poderão acabar com o abandono, uma vez que permite identificar e multar os proprietários. No entanto, há animais com microchip a ser abandonados.
Ana Couto, do grupo de ajuda de animais Uma Nova Esperança, da Maia, conta que estão a aparecer nas ruas animais identificados (com chip) e, quando contactados, os donos dizem que não os querem. Ana Couto explica que denunciar às autoridades nem sempre é solução, porque "os proprietários, na presença da GNR, mudam o discurso e dizem que o animal fugiu ou se perdeu".
Nesses casos, as associações e os veterinários tentam chegar a outra solução com os detentores, como fazer a transferência de nome para alguém que queira, de facto, ficar com o animal.
Laurentina Pedroso, provedora do Animal, afirma que o microchip "poderá desmotivar (o abandono) mas não resolverá o problema", uma vez que a pessoa que o abandonou poderá sempre argumentar que este fugiu.
pessoas mais vulneráveis
Desde o final de outubro, foram registados no Sistema de Identificação de Animais de Companhia (SIAC) mais de 42 mil animais de companhia, totalizando mais de 3,6 milhões de registos. A ausência de registo é punível com coimas entre os 50 mil e os 44 890 euros.
Algumas clínicas veterinárias afirmam que a procura pelo microchip aumentou no último mês, outras relatam que a maioria das pessoas já tinha consciência da importância da identificação e que não sentiram aumento significativo.
Alexandra Pereira, diretora do departamento de bem-estar animal do ICNF, diz que há várias medidas que estão previstas na estratégia nacional para os animais errantes, elaborada pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). "Estamos a trabalhar no apoio financeiro, na sensibilização, na formação e na redução dos custos que as pessoas suportam, inclusive acabando com licenças completamente desnecessárias", afirma. Outro dos eixos principais será criar mecanismos de resposta para pessoas em vulnerabilidade social.
A diminuição da compra por impulso é outro foco do ICNF. "Estamos a trabalhar de forma a controlar a venda e a compra por impulso e a fomentar a adoção responsável", afirma. Alexandra Pereira nota que a lei já tem medidas nesse sentido, como a proibição de expor animais de companhia, que são para venda, em montras.
Registo
42
Desde o início de novembro, foram registados no SIAC mais de 42 mil animais de companhia. No total, o SIAC conta com 3 656 427 registos.