Problemas nos correios impede a entrega das cartas aos portugueses recenseados no estrangeiro. Países fora da Europa são os mais afetados.
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A quatro dias das eleições legislativas, há milhares de emigrantes em todo o mundo que ainda não receberam o boletim de voto por via postal. Em muitos dos casos, as cartas acabam por nunca chegar às casas dos portugueses. Foram enviados mais de 1,5 milhões de impressos, mas só serão contabilizados os que chegarem a Portugal até dia 28 de maio. O voto eletrónico é apontado mais uma vez como uma solução para as próximas eleições.
O problema não é novo e repete-se sistematicamente. Os cidadãos portugueses recenseados no estrangeiro não estão a receber os boletins para exerceram o seu direito de voto. O secretário de Estado para as Comunidades Portuguesas, José Cesário, confirma o problema ao JN e aponta que recebeu queixas de vários países, como Argentina, Estados Unidos, Macau, África do Sul e Venezuela.
No Brasil, os boletins só começaram a chegar esta semana aos estados mais atrasados: Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo. “O problema está agora no regresso dos votos a Portugal, porque demora pelo menos 12 dias”, aponta José Cesário. O governante explica que os constrangimentos notam-se sobretudo nos “países fora da Europa”, onde os “correios funcionam com mais ineficiência”. Para estes cidadãos não existe nenhuma alternativa e ficam impossibilitados de votar, uma vez que o prazo das inscrições para o fazer presencialmente nos consulados já terminou.
O “Diário de Notícias” refere que apenas 5832 portugueses residentes fora do país optaram pelo voto presencial. Nas últimas legislativas votaram 209 327 emigrantes. Na África do Sul, por exemplo, não são esperadas mais de 150 pessoas no consulado de Joanesburgo e ninguém recebeu o boletim via postal.
Problema é conhecido
“Os correios aqui não funcionam e os governantes em Portugal sabem disso, não vamos votar mais uma vez nas eleições do nosso país”, afirma José Contente, presidente da União Cultural Recreativa Portuguesa de Joanesburgo. Em menor escala, estes casos também se verificam nos países europeus. Pedro Rupio, ex-presidente do Conselho Regional das Comunidades Portuguesas na Europa, tem conhecimento de problemas com os correios em Andorra e França.
E acrescenta que há ainda situações de eleitores que foram “riscados das listas eleitorais” porque não manifestaram o interesse de recenseamento na hora de renovar o cartão de cidadão. A situação só poderá ser revertida fora do período eleitoral.
Portugueses pedem voto eletrónico
“Na África do Sul a única solução para aumentar a participação é o voto eletrónico”, aponta José Contente. Pedro Rupio refere que essa alternativa “não teria um custo tão elevado como o envio de milhões de envelopes”. Já José Cesário nota que o assunto merece atenção do Governo, mas ainda não foi possível uma maioria parlamentar para aprovar a medida.