Quase não houve aumento de linhas e de transporte flexível em 2020, porque, com a fuga de passageiros, os autarcas tiveram de financiar serviços mínimos.
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A esmagadora maioria das verbas do Programa de Apoio à Redução Tarifária nos Transportes Públicos (PART) e do Programa de Apoio à Densificação e Reforço da Oferta de Transporte Público (PROTransP) em 2020 foi usada para assegurar que os autocarros e outros meios de transporte coletivo não paravam na pandemia.
O relatório do Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), que analisa a execução dos dois programas, revela que as áreas metropolitanas e as comunidades intermunicipais (CIM) investiram grande parte do dinheiro para assegurar os serviços mínimos e reduzir tarifas, fazendo face à enorme diminuição de utilizadores entre abril e dezembro de 2020. No âmbito do PART, foram gastos 160,8 milhões (138,3 milhões provenientes de verba do Orçamento de Estado e o restante dos municípios). Do financiamento total executado, porém, apenas 0,2% (276 mil euros) teve como destino o aumento de oferta. Houve 12,4 % (19,88 milhões) que foram exclusivamente para medidas de apoio aos serviços essenciais. Já 53,4% (85,85 milhões) foram repartidos entre medidas de apoio aos serviços essenciais e os custos da redução tarifária e apenas 34,1 % (54,79 milhões) serviram só para a redução tarifária.
Medidas em quatro CIM
O IMT admite que "em algumas CIM uma parte importante do PART em 2020 foi utilizada para pagamento de serviços essenciais, apesar das entidades terem optado por inscrever a componente dessas verbas em medidas de redução tarifária". Apesar das dificuldades verificadas na "desagregação das verbas, é admissível concluir que o foco da execução do PART foi, em grande parte, redirecionado pelas autoridades de transporte para o financiamento dos serviços essenciais, fortemente condicionado pelas medidas restritivas à normal circulação, com a consequente quebra da procura e a diminuição das necessidades do investimento em redução tarifária", pode ler-se no relatório.
Em relação às medidas de aumento de oferta, o destaque vai para "a CIM do Tâmega e Sousa como a entidade que mais comparticipou com verbas próprias neste tipo de medidas, com cerca de 58,6 mil euros, representando cerca de 76 % do total do investimento dos municípios" nesta componente. Também Trás-os-Montes, Médio Tejo e Baixo Alentejo aumentaram a oferta. As áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto "não executaram medidas de aumento de oferta".
Em 2020, também a "esmagadora maioria" do PROTransP - 98,2%, ou seja, 18,29 milhões - foi aplicada em manter os transportes públicos a funcionar. Apenas 1,8 % tiveram como destino medidas de densificação de oferta: 194 mil euros foram gastos no aumento da frequência de linhas existentes, em novas linhas e serviços de transporte flexível e perto de 148 mil euros destinaram-se a estudos.
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Perda nas vendas
Até março de 2020, as vendas de bilhetes estavam a aumentar, como em 2019. A partir de abril , assistiu-se a uma "queda drástica".
Menos clientes
O Anuário Estatístico da Mobilidade e dos Transportes revela que, em 2020, os transportados por rodovia e modo fluvial diminuíram 42% face a 2019. Na ferrovia a queda foi menor.