Comunistas voltam à Atalaia, desta vez sem as restrições provocadas pela pandemia de covid.
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Os militantes do PCP que ajudam a montar a Festa do Avante esperam que o evento seja um espaço para esclarecer a posição do partido sobre a guerra na Ucrânia, não a de apoiar ou condenar qualquer das partes na luta, mas a de pedir a paz, o fim do conflito e o regresso urgente às mesas de negociação.
"Há que perceber que ao apoiar uma das partes, estamos a contribuir para o escalar da guerra e o aumento de mortes, o PCP apoia a paz, o fim do conflito o mais rapidamente possível para benefício do povo, que é quem verdadeiramente paga com a guerra", diz Gonçalo Oliveira, militante do PCP que coordena a montagem do stand de Bragança. Exemplo de tal é o aumento dos preços de combustíveis, alimentação, gás e eletricidade, aponta o homem de 43 anos, natural de Penafiel.
Família em destaque
A Festa do Avante decorre no fim de semana de 2 a 4 de setembro na Quinta da Atalaia, Seixal, e pelo recinto vão estar exibidos murais a exigir a paz no Mundo e em particular na Ucrânia. Pedro Rodrigues, da JCP de Guimarães, está no recinto desde o início de agosto e ao JN diz que a mensagem que há a passar sobre a guerra é o seu fim urgente.
"O PCP quer a paz e esta mensagem não tem sido bem passada durante os vários meses de conflito, por isso vamos tentar que isso passe através dos murais e conversando", afirma o jovem de 19 anos, responsável também pela montagem do pavilhão central.
O tema deste pavilhão, este ano, será a família, "crianças e pais com direitos", com várias iniciativas e debates. Também os direitos da mulher estarão bem salientes ao longo da festa. No stand da mulher, Iara de Paula pinta as várias mensagens que considera fulcrais. Enquanto desenha a palavra igualdade, refere ser necessário que "não seja só uma palavra, mas um direito que há que ser defendido por todo o país, é uma palavra simples mas profunda", afirma.
Fim das restrições
As restrições na Festa do Avante acabaram após dois anos de pandemia, quer o distanciamento entre pessoas quer os acessos controlados aos vários palcos.
Ainda assim, há exemplos que se vão manter, por terem sido um sucesso. O concerto de música clássica no primeiro dia, no palco 25 de Abril, terá lugares sentados, o cinema continuará em espaço aberto e o espaço para mesas ao longo dos stands onde os visitantes podem comer e beber vão ser em maior número.
Iguarias nos stands
A gastronomia e o artesanato nas delegações que o PCP tem pelo país vão estar, como sempre, em destaque nos vários stands. No de Bragança, por exemplo, é esperado como sempre grandes filas para provar a posta mirandesa, com carne certificada e preparada por gente da terra, ou alheira de Mirandela.
Em exposição neste stand vão estar as lutas locais, como a ausência de serviços públicos, o fim das linhas do Tua e do Sabor, que apenas prejudicaram as populações, e a escassez de recursos hídricos.
NOTA
Músicos alvo de críticas
Os músicos contratados para atuar na Festa do Avante receberam críticas nas redes sociais por participarem no evento devido à posição do PCP em não condenar a Rússia pela guerra. Dino D"Santiago denunciou na sua página das redes sociais ter recebido mensagens contra a sua participação. Este ano, ao contrário dos últimos, Tim não atuará no fim do Avante. Em palco estarão artistas como Mão Morta, Carminho, Fogo Fogo, Júlio Resende, entre outros. O cartaz tem música popular portuguesa, fado, jazz ou hip-hop.