A Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) aponta para mais de 236 milhões de metros cúbicos perdidos, no ano de 2021, num relatório divulgado esta sexta-feira.
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Dois municípios, um do Minho e outro do Alentejo, ocupam respetivamente o primeiro e segundo lugares da maior percentagem de água não faturada do país. São eles Vila Nova de Cerveira (85,3%) e Estremoz (76,4%), com valores reportados pelas respetivas câmaras municipais. A média de Portugal em perdas de água nas redes de abastecimento, e que chega às casas, está nos 28,8%, o que gerou mais de 236 milhões de metros cúbicos de água perdida por ano, aponta o relatório divulgado pela Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR).
Os dados são de 2021 e colocam outros municípios no topo da água não faturada e que chega aos consumidores, como Moimenta da Beira (75,6%), Sabugal (71,8%), Miranda do Douro (71,4%) e Fronteira (68,6%).
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Apesar dos números elevados em determinados locais, o regulador aponta que "o valor da média do indicador do serviço em baixa", a água que chega às habitações, mostra uma "evolução favorável entre 2017 [30,2%] e 2020 [28,7%] e uma evolução ligeiramente desfavorável em 2021 [28,8%]".
No final de setembro do ano passado, a empresa Águas do Alto Minho (A.d.A.M.), entidade responsável pela gestão e exploração da água naquela região, estimava reduzir a água não faturada nos sete municípios da sua alçada, sobretudo em Vila Nova de Cerveira.
Ao contrário dos números reportados pela câmara municipal, a A.d.A.M registou 48,3% de água não faturada naquele concelho em 2021, como esclareceu, mais tarde, a empresa ao JN.
Em 2020, e de acordo com os números reportados pela autarquia, Cerveira era um dos concelhos com mais água não faturada do país (82,4%) no serviço em baixa, o que significa que, em 2021, houve um agravamento (85,3%),
Milhões por cobrar
Em contraciclo surgem os locais onde a água não faturada é diminuta. Em 2021, a Infraquinta (3%), Infralobo (6,4%) e Inframoura (8,9%), na região do Algarve, foram as registaram as percentagens mais pequenas de perda de água. No Norte, o topo pertence a Vale de Cambra (21,4%). Enquanto na região de Lisboa, o primeiro lugar pertence à EPAL (11,3%), responsável pelo abastecimento de água à capital.
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A Agência Portuguesa do Ambiente disse que ficaram por cobrar, em 2020, 264 milhões de euros de água no sistema em baixa. Numa das reuniões da Comissão Permanente da Seca, realizadas no verão passado, o Ministério do Ambiente aconselhou a instalação de contadores para fazer "uma correta medição" e permitir a "faturação de caudais que não são atualmente medidos" em Portugal.