A ministra do Ambiente e Energia destacou esta sexta-feira que o apagão ibérico aconteceu em Espanha e afetou Portugal, uma conclusão que faz parte do relatório de peritos hoje conhecido, que a governante saúda.
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"Há uma conclusão que para nós é clara e que fiquei contente por ouvir: não há dúvidas de que é um apagão em Espanha que afetou Portugal", afirmou Maria da Graça Carvalho, em resposta aos jornalistas, à margem da cimeira "Portugal Renewable Energy", em Lisboa, promovida pela APREN - Associação Portuguesa de Energias Renováveis.
A governante destacou ainda o comportamento da rede nacional, que "resistiu até ao colapso total do sistema" e disse ser "reconfortante" ter a confirmação de que não houve nenhum problema do lado português.
Por outro lado, disse que os peritos apontaram um conjunto de recomendações, que Portugal já está a cumprir, como o controlo da tensão, a aposta no armazenamento e nas redes e o aumento da capacidade de arranque autónomo.
"Estamos a cumprir as próprias recomendações para o futuro", insistiu.
O apagão ibérico de 28 de abril foi provocado por uma sucessão de desligamentos súbitos de produção renovável, e subsequente perda de sincronismo com a rede continental europeia, segundo o painel de peritos que investiga o incidente.
O relatório hoje publicado, elaborado por 45 especialistas de operadores de rede e reguladores de 12 países, classifica o incidente como de "escala 3" - o nível mais grave previsto pela legislação europeia - e descreve-o como "o mais significativo ocorrido no sistema elétrico europeu em mais de 20 anos", afetando milhões de cidadãos e provocando perturbações graves em serviços essenciais.
De acordo com a análise da Rede Europeia de Gestores de Redes de Transporte de Eletricidade (ENTSO-E, na sigla em inglês), a sequência de falhas teve início às 12:32 (hora de Bruxelas), quando diversas centrais solares e eólicas no sul de Espanha se desligaram subitamente da rede, seguidas de perdas adicionais em regiões como Granada, Badajoz, Sevilha e Cáceres.
O relatório nota que as análises realizadas pelos centros de coordenação regionais na véspera do incidente não tinham identificado riscos significativos.