Marta Temido, ministra de Saúde, afirmou esta quarta-feira ao final da tarde que "há fragilidades a nível de recursos humanos" nas urgências de ginecologia e obstetrícia no SNS. Vai ser criada uma comissão de acompanhamento com cinco coordenadores regionais e um nacional. A governante vai negociar com os sindicatos um projeto de diploma sobre a remuneração de profissionais a trabalhar em serviço de urgência.
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Uma das tarefas da comissão poderá focar-se no estabelecimento de acordos com outros setores, nomeadamente o privado, para assegurar as necessidades das urgências de ginecologia e obstetrícia, quando se registam falhas, avançou a governante em conferência de Imprensa. "Esta comissão irá funcionar num modelo semelhante [ao que já funcionou na Medicina Intensiva], sendo que o seu trabalho é muito vocacionado para aquilo que é o curto prazo", nos meses de junho, julho, agosto e setembro, revelou Marta Temido.
Na intervenção feita aos jornalistas, a ministra da Saúde diz que o conjunto de medidas anunciadas é a "curto e a médio prazo", existindo dois planos distintos, o de contingência e aquele para resolver "problemas estruturais". No âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) haverá um "novo desenho" na referenciação hospitalar na área da saúde materna. A "revisão da rede de referenciação hospitalar de urgência e emergência está também em cima da mesa", acrescentou.
Uma das principais novidades prende-se com a possibilidade de haver uma remuneração específica para profissionais que trabalhem em todo tipo de urgências. Está marcada uma reunião com os sindicatos, esta quinta-feira. A solução já terá um primeiro esboço por parte do Executivo, que pretende evitar "desigualdades" registadas no recurso a médicos tarefeiros. O Governo vai publicar ainda um despacho a "determinar a abertura de 1600 vagas para recém-especialistas", sendo que 1082 serão para ambiente hospitalar.
Quanto aos novos profissionais, Marta Temido referiu que o Governo está a trabalhar com a Ordem dos Médicos para reforçar "a capacidade formativa" do país. "Temos problemas de atratividade, mas não é só no SNS [Serviço Nacional de Saúde]", disse aos jornalistas. Sobre a possibilidade de recrutar e formar no estrangeiro, a ministra adiantou que há contactos estabelecidos. "Estamos a fazer alguns contactos - não é nenhum segredo, não é nenhuma reserva - com alguns países no sentido de perceber como é que podemos enfrentar com recursos externos problemas que são problemas do sistema. No passado isso já foi feito em situações específicas e concretas", disse.
Questionada sobre a possibilidade de se demitir, perante a crise nas urgências de ginecologia e obstetrícia um pouco por todo o país, a ministra da Saúde recusa: "Eu decido continuar a lutar".