Ministra diz que acréscimo de utentes criou desequilíbrio entre oferta e procura no SNS
A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, afirmou esta sexta-feira, que o acréscimo de utentes no Serviço Nacional de Saúde (SNS) criou um desequilíbrio entre a oferta e a procura que não foi resolvido pelos sucessivos governos.
Corpo do artigo
"Deram entrada no nosso país muitas pessoas, vindas de vários países e continentes, nem todas contabilizadas, mas cujo numero é no sentido crescente" e "num curto espaço de tempo, a procura de serviços de saúde cresceu de forma não calculada e sem planeamento de oferta que o garanta", afirmou Ana Paula Martins, durante a sessão de abertura do Cascais International Health Forum, promovido pelo Fórum Saúde XXI.
Para a ministra, "em simultâneo, vários foram os paradigmas que se alteraram e que em muito contribuíram para o desajuste grave entre a procura e a oferta, entre as expectativas dos cidadãos e a resposta do Estado e do Ministério da Saúde, situações mais agravadas nos anos mais recentes".
"Ficámos para trás no digital, no planeamento dos recursos humanos e numa política para as profissões, fomos esquecendo a demografia, a saúde mental e as demências e reduzindo a importância da saúde pública na organização dos serviços de saúde, apesar do discurso político", salientou a governante.
Nesse sentido, "confrontado com esta falência do nosso SNS; decidiu o governo apresentar e aprovar um programa para a saúde para o curto e médio prazo e que é um investimento", disse, prometendo não apenas manter o sistema, mas "investir e valorizar o SNS".
Ana Paula Martins afirmou que o plano de emergência apresentado na quarta-feira visa dar "resposta às questões mais relevantes para os nossos cidadãos" na área da saúde.
"Muitos dizem e dirão que não é inovador, que é mais do mesmo, que pretende matar o SNS, que é só um 'powerpoint', mas isso não nos demove", comentou a governante que, no entanto, reafirmou a abertura do executivo a introduzir melhorias no plano.
A ministra disse que se trata de "um plano calendarizado no tempo e dotado de métricas que permitam avaliar a sua execução".
"Neste momento em que estamos a falar, a linha SNS Grávida já está pronta a arrancar. O OncoStop 2024 já operou mais de 1200 doentes e o plano para que as urgências possam efetivamente responder aos que delas verdadeiramente precisam já está em marcha com os centros de atendimento clínico em Lisboa e no Porto", disse.
Além disso, "as ULS modelo C têm já legislação preparada e, ouvidos os agentes, avançarão nas próximas semanas para concretização, numa primeira fase em regime experimental", acrescentou, salientando que caberá ao diretor do SNS o papel de fazer cumprir o plano.
"Será a direção-executiva [do SNS] a ter a missão de monitorizar e acompanhar a execução do plano de emergência" , com um "modelo de desenvolvimento em articulação com as mais de 40 unidades prestadoras de cuidados de saúde do SNS, no sentido de promover um ambiente real de funcionamento em rede e potenciador da capacidade instalada", disse Ana Paula Martins.
Caberá à estrutura apresentar "relatórios de gestão do plano bimestrais com análise da situação e propostas de melhoria", acrescentou.
Governo estuda criação de Unidade Local de Saúde para Sintra-Cascais
A ministra da Saúde anunciou, esta sexta-feira, que o ministério está a estudar a criação de uma Unidade Local de Saúde (ULS) para Sintra-Cascais, criticando a recusa do anterior governo em incluir neste sistema os hospitais de gestão privada.
"Estamos a estudar a possibilidade de criar uma ULS Sintra-Cascais com o firme propósito de reorganizar cuidados que o atual modelo não acautelou porque decidiu 'a priori' que um hospital público em gestão PPP não poderia fazer parte deste novo modelo de organização", explicou Ana Paula Martins.
"Nós não pensamos assim, o que for melhor para as pessoas, o que for contratualmente e legalmente possível acontecerá", afirmou a ministra.
Ana Paula Martins explicou também que governo vai fazer um balanço dos primeiros de seis meses das ULS, ouvindo "quem está no terreno", para fazer o "ajustamento e adequação do modelo" herdado do anterior governo.
Para a ministra, este modelo tem um "conceito de articulação de cuidados", com "foco no doente e no seu percurso clínico".
E "há ajustamentos fundamentais que partem das populações, da autarquia e da comunidade", como é o caso da ULS Sintra-Cascais, explicou a governante.