Subcomissão do leite será retomada em setembro para procurar formas de equilibrar a cadeia de valor. É esta a resposta do governo à dispensa de 14 produtores pela marca Pingo Doce.
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Reativar a Plataforma de Acompanhamento das Relações na Cadeia Agroalimentar (PARCA) e encontrar forma de equilibrar a cadeia de valor. É esta a aposta do ministro da Agricultura para o setor do leite. José Manuel Fernandes promete mais apoio para os jovens agricultores e quer ver os fundos comunitários destinados à coesão territorial a ajudar a agricultura. O ministro-adjunto e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, concorda.
“Não podemos obrigar a distribuição a comprar. Não vamos alterar as leis de mercado, mas temos de proteger o produtor. Não há distribuição sem produção e nem sempre há esta consciência”, afirmou, esta quinta-feira, o ministro na abertura da 10.ª edição da Agrosemana - Feira Agrícola do Norte, que está a decorrer, até domingo, na Póvoa de Varzim. José Manuel Fernandes admite que, quanto aos 14 produtores de leite, esta semana, dispensados pela marca Pingo Doce, os poderes do governo são “muito limitados”, mas ouviu o apelo da Aprolep - Associação dos Produtores de Leite de Portugal para uma intervenção do governo e quer, agora, reativar a PARCA.
“Queremos dar consequência e efectividade à PARCA. Não me interesse estar a fazer reuniões que não tenham consequências e, portanto, vamos procurar o modelo certo – e esse trabalho vamos iniciá-lo em setembro - para encontrar esse equilíbrio na cadeia de valor”, frisou.
A subcomissão do leite, que junta governo, produtores, indústria e distribuição, foi criada, em 2021, na sequência de muitos protestos e anos de preços muito baixos à produção. Na altura, produziu um diagnóstico, mas, desde então, nada foi feito.
Portugal é excedentário em leite para consumo, mas deficitário em iogurtes e queijo: “Temos espaço para crescer quer nos iogurtes, quer no queijo. Isso é absolutamente crucial. Preocupa-nos que, na cadeia de valor, constantemente, o agricultor seja o perdedor. Ganham menos 40% do que a média das outras profissões. Não é justo!”.
José Manuel Fernandes diz que, para este governo, a agricultura é “estratégica e estruturante”: “É gastronomia, indústria e transformação, equipamentos, investigação, património, coesão territorial”, explica, lembrando que, só o setor do leite, emprega direta e indiretamente 640 mil pessoas.
Apoiar os jovens, desburocratizar, reprogramar o PEPAC (Plano Estratégico da Política Agrícola Comum) e usar os fundos das políticas de coesão (Compete, FEDER, Fundo Social Europeu e programas operacionais regionais) para ajudar são palavras de ordem para atingir os três objetivos que o presidente da Agros, Idalino Leão, enumerou como essenciais para o setor: estabilidade, previsibilidade e rentabilidade.