Até agora, sete dos 19 titulares de pastas ministeriais foram diagnosticados com o novo coronavírus. Rastreio tem sido feito após contacto com positivos ou idas ao estrangeiro.
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Os ministros, secretários de Estado e membros dos gabinetes começarão em breve a ser testados à covid-19, de forma periódica. Até ao momento, sete ministros foram infetados pelo SARS-CoV-2 e vários outros estiveram em isolamento profilático, incluindo o primeiro-ministro, no Natal.
O rastreio periódico dos gabinetes foi decidido "recentemente" e começará "em breve", disse ao JN fonte oficial do Ministério da Saúde, sem avançar maior detalhe. As duas razões invocadas foram o "o agravamento da situação epidemiológica", com a maior transmissão de covid-19 entre a população, e a "imprescindibilidade de manutenção do regular funcionamento do Governo".
37% do Governo infetado
Até agora, já sete ministros estiveram infetados por covid-19. O primeiro foi Manuel Heitor, da Ciência e Ensino Superior, a 12 de outubro do ano passado. Um mês depois, a 26 de novembro, Nelson de Souza testou positivo. O ministro do Planeamento é uma figura discreta no Governo, mas tem a seu cargo uma das mais importantes tarefas: a negociação com Bruxelas dos fundos europeus para os próximos anos. Nelson de Souza foi testado depois de o secretário de Estado do Planeamento, Ricardo Pinheiro, ter positivado.
Já na terceira vaga da pandemia, no espaço de dois dias, duas importantes pastas passaram a ser lideradas a partir de casa: testaram positivo Ana Mendes Godinho (Trabalho e Segurança Social, a 14 de janeiro) e João Leão (Finanças, a 16 de janeiro). João Leão trabalhou a partir de casa, sem quaisquer sintomas e Ana Mendes Godinho teve sintomas ligeiros.
Foram precisos três dias para que o Governo de António Costa tivesse mais uma baixa: a 19 de janeiro, Pedro Siza Vieira, ministro da Economia e da Transição Digital, adoeceu, manifestando "alguns sintomas", de acordo com a nota divulgada pelo gabinete. De novo, mais três dias se passaram até a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, anunciar um teste positivo, apesar de não ter sintomas. Com sintomas ligeiros, João Gomes Cravinho (Defesa) foi o sétimo e último ministro (que se conheça) a adoecer com covid-19, no dia 24 de janeiro.
Dos 19 ministros que integram o XXII Governo Constitucional, 37% já adoeceram com covid-19. Note-se que a diretora-geral de Saúde, Graças Freitas, também foi contagiada com o novo coronavírus, no início de dezembro.
Testes após contactos
A multiplicação de casos positivos entre pessoas com responsabilidade na governação do país desencadeou a discussão sobre o grau de prioridade que deverão ter, no processo de vacinação em curso [ler ao lado].
Durante o exercício das funções governativas, a mesma fonte do Ministério da Saúde assegurou que os gabinetes e os esquemas de trabalho foram adaptados, para minimizar as hipóteses de contágio. Entre as mudanças está o recurso ao teletrabalho ou à rotatividade das equipas que trabalham presencialmente nos gabinetes de ministros e secretários de Estado.
A par das precauções, porém, não foi criado um plano especial de testagem que permitisse detetar rapidamente qualquer caso positivo entre o elenco governamental. Até este momento, os ministros e secretários de Estado só foram testados quando estiveram em contacto com algum caso positivo ou quando tiveram que se deslocar ao estrangeiro.
Ao contrário do sucedido na primeira vaga da pandemia, o acordo de Schengen mantém-se ativo, mas os países exigem a apresentação de um teste negativo para permitir a entrada nas fronteiras.
Macron forçou Costa e Der Leyen a isolarem-se
Dias antes do Natal, o presidente da França, Emmanuel Macron, foi diagnosticado com covid-19 e forçou vários líderes políticos europeus a passar o Natal em isolamento profilático. Foi o caso do primeiro-ministro português, António Costa, dos presidentes da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, do Conselho Europeu, Charles Michel, e do Parlamento Europeu, David Sassoli.
Todos participaram num Conselho Europeu, uma semana antes. Entre os líderes mundiais já infetados estão o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, e o ex-presidente dos EUA Donald Trump.