Primeiro-ministro reúne-se, esta segunda-feira de manhã, com o cardeal-patriarca para preparar o regresso das celebrações. Bispos sugerem cautela para evitar derrapagens.
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O cardeal-patriarca de Lisboa e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. Manuel Clemente, reúne-se esta segunda-feira de manhã com o primeiro-ministro, António Costa, para preparar "o levantamento das limitações às celebrações religiosas". Em cima mesa estará a possibilidade de serem retomadas as missas e outros atos de culto, mas de forma gradual e com medidas preventivas para evitar um retrocesso no combate à propagação da Covid-19.
O importante, sublinham alguns bispos ao JN, "é que não se estrague numa semana todo o trabalho que foi feito num mês". Para que isso aconteça, pode ser determinada a realização de mais missas, com menos fiéis; pode ser pedido aos crentes que, se forem à missa ao sábado, já não vão ao domingo; ou que participem na eucaristia com máscaras de proteção.
"Estamos todos desejosos de retomar as celebrações comunitárias, mas a última palavra deve ser sempre das autoridades sanitárias. Prefiro uma pegada segura do que uma derrapagem dolorosa", afirma o arcebispo de Évora, D. Francisco Senra Coelho, manifestando "toda a confiança" no que vier a ser decidido pelo presidente da CEP e pelo Governo, desde que essas decisões tenham por base os pareceres científicos.
A suspensão das missas, recorde-se, foi determinada a 13 de março, pela CEP, ainda antes de ser decretado o estado de emergência em Portugal. A medida, que apanhou um dos períodos mais importantes para a Igreja Católica, a Páscoa, levou a que bispos e padres recorressem às redes sociais para transmitir as celebrações realizadas à porta fechada, sem assembleia.
Agora, que se começa a desenhar um possível plano de levantamento da suspensão, o arcebispo de Évora, defende, por exemplo, "que se abram as igrejas para os fiéis poderem rezar" ou que se "celebrem mais missas, com menos gente", mas sempre "com um cuidado muito grande", para evitar que tenha sido em vão todo o esforço que tem vindo a ser feito pelas autoridades e pela generalidade da população.
Já para D. António Moiteiro, bispo da diocese de Aveiro, uma das regiões mais atingidas pela pandemia, o importante é que as decisões que vierem a ser tomadas sejam acompanhadas de orientações precisas das autoridades de saúde. Segundo o prelado, as missas poderão ser retomadas, por exemplo, distribuindo os fiéis de forma espaçada pelas igrejas, pedindo às pessoas que forem à missa ao sábado que não vão ao domingo, e que levem máscara. O fundamental "é que sejam cumpridas as normas de segurança", diz.
FÁTIMA
13 de maio será celebrado sem peregrinos
O levantamento das restrições não irá abranger a Peregrinação Internacional Aniversária de 12 e 13 de maio ao Santuário de Fátima que, pela sua natureza, gera um ajuntamento de centenas de milhares de pessoas. O bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, já anunciou, que pela primeira vez na história centenária do templo mariano, as celebrações decorrem à porta fechada, sem peregrinos. O programa ainda não está definido, mas é certo que será recitado o terço, na noite do dia 12, e celebrada a missa internacional, dia 13, na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, com transmissão pela televisão e redes sociais.