
Luís Rosa assume que Marques Mendes é o candidato presidencial com maior experiência política
Foto: João Porfírio
Jornalista Luís Rosa, do "Observador", mostra os bastidores do candidato presidencial na história recente do país através de "Luís Marques Mendes - Uma vida política". Apresentação será feita por António Lobo Xavier e Pedro Duarte na segunda-feira, no Porto.
O jornalista Luís Rosa, que apresenta na próxima segunda-feira, no Palácio da Bolsa, no Porto, "Luís Marques Mendes - Uma vida política", faz questão de frisar que o livro não deve ser lido como uma biografia clássica. "Isto não é uma biografia, é uma entrevista sobre a carreira política de Luís Marques Mendes", sublinha.
"Não há aqui uma lógica biográfica, mas sim uma lógica jornalística: fazem-se perguntas e o entrevistado responde como entende, mesmo nos temas mais polémicos", explica o autor, acrescentando que a obra foi construída em formato de entrevista, revisitando várias décadas da carreira política do atual candidato presidencial apoiado por PSD e CDS.
O livro surgiu no contexto das eleições presidenciais, explica o jornalista. Foi nesse enquadramento que propôs a Marques Mendes um formato de entrevista longa e estruturada, ideia que acabou por ser acolhida pela editora D. Quixote. O objetivo, diz, é permitir que a opinião pública conheça melhor o candidato e o seu percurso nos momentos decisivos da história política recente. "Como jornalista, quero que os leitores conheçam melhor o candidato, mas não quero influenciar ninguém. Cada um fará a imagem que entender".

De forma factual, Luís Rosa assume que Marques Mendes é o candidato presidencial com maior experiência política entre os que estão atualmente em disputa, considerando essa experiência um fator distintivo. Cabe aos leitores "tirarem as suas próprias conclusões".
O livro tem uma estrutura cronológica, começando no 25 de Abril de 1974, quando Marques Mendes tinha 16 anos, passando pela sua eleição como vice-presidente da Câmara de Fafe aos 19, até chegar à atual candidatura a Belém.
Os bastidores
Ao longo de 24 capítulos, são revisitadas as influências familiares, os bastidores partidários, episódios legislativos decisivos, polémicas internas e o percurso mais recente como comentador televisivo. Luís Rosa destaca quatro capítulos centrais da obra, que percorrem a relação de Marques Mendes com diferentes protagonistas políticos, os conflitos internos no PSD e momentos-chave da vida parlamentar e governativa portuguesa.
O autor sublinha ainda que o antigo líder social-democrata esteve "sempre presente nas grandes transformações políticas e económicas do país", desde o Congresso da Figueira da Foz, em que Cavaco Silva ascende à liderança do PSD, até aos debates sobre a regionalização, a interrupção voluntária da gravidez ou as negociações com José Sócrates em matérias de justiça.
Na pré-publicação divulgada pelo Observador, um dos capítulos mais extensos é dedicado ao primeiro Governo de Cavaco Silva, que Marques Mendes descreve como um período de "dez anos admiráveis". O candidato considera Cavaco "o mais reformista primeiro-ministro da democracia" e caracteriza o primeiro executivo, ainda minoritário, como um "governo de combate", capaz de gerir expectativas e lançar bases para reformas futuras, apesar dos bloqueios parlamentares.
Casos de corrupção
O livro aborda também temas sensíveis como as chamadas "forças de bloqueio", o escrutínio institucional e os casos de corrupção do final do cavaquismo. Mendes reconhece tensões entre o poder político e instituições como a Procuradoria-Geral da República ou o Tribunal de Contas, mas sublinha a importância dessas entidades para a democracia. Quanto à corrupção, rejeita leituras ideológicas e sustenta que todas as suspeitas devem ser investigadas.
A sessão de apresentação do livro decorre na Sala das Assembleias Gerais da Associação Comercial do Porto e contará com a apresentação de António Lobo Xavier, advogado e comentador político, e de Pedro Duarte, presidente da Câmara Municipal do Porto.

