Montenegro confirma voto contra OE e avisa: não se pode ter contas certas à custa do sofrimento
O líder do PSD, Luís Montenegro, acusou o Governo de viver de "aparências": as contas estão certas, mas à custa de impostos altos e do "definhamento" dos serviços públicos, alegou. Pediu que os deputados não cedam ao "canto da sereia" dos socialistas e confirmou que o seu partido votará contra o Orçamento do Estado.
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"Ter contas certas à custa do sofrimento das famílias, das empresas e do crescimento da economia não é futuro para Portugal. Isto não se aguenta para sempre", afirmou Montenegro, no encerramento das jornadas parlamentares do PSD. Esta observação, feita já na reta final do discurso, foi bastante aplaudida pelos deputados do partido.
Criticando o Orçamento do Estado (OE) por este alimentar o "logro" de que os impostos não sobem, o líder do PSD acusou o Governo de viver "das aparências": apesar das "contas certas" - que não colocou em causa -, Montenegro argumentou que a economia não tem "robustez", que as previsões de crescimento económico são pouco animadoras e que o Estado não mostra ser "eficiente" na gestão da despesa e dos serviços públicos.
"As contas certas que temos estão certas por estas razões: impostos altos, definhamento dos serviços públicos, uma conjuntura inflacionista que está, de forma imoral, a alimentar os cofres do Estado, um Governo que dá com uma mão e tira com as duas, um Governo que tem receitas que não serão repetíveis", resumiu, apontando, para o último aspeto, o exemplo dos juros.
"Alguém tem de dizer que o rei vai semi-nu"
No entender de Luís Montenegro, o OE não resolve nenhum dos "problemas fundamentais" do país. Assim, Portugal precisa de alguém "que diga que o rei, se não vai nu, vai, pelo menos, semi-nu", afirmou.
"Não nos deixemos levar por aquele canto de sereia que é: 'temos impostos maiores, serviços públicos que não estão bem, a classe média que os socialistas querem ter em Portugal é pobre mas, pelo menos, temos as contas públicas certas'", pediu Montenegro aos deputados do seu partido.
O presidente social-democtata começou por acusar o Executivo de estar a "empobrecer" o país. Considerou que, ao baixarem o IRS apenas até ao quinto escalão, os socialistas estão a dizer que quem ganha 950 euros é de classe média quando, na verdade, não é.
Montenegro confirmou ainda que o PSD votará contra o OE na fase da generalidade, a votação inicial que precede o período de discussões setoriais nas comissões. "Os senhores deputados não vão estranhar que a comissão permanente ontem [segunda-feira] reunida tenha decidido transmitir ao grupo parlamentar a orientação de voto contra", frisou.