O líder do PSD nega benefício indevido em obras da sua casa em Espinho, alvo de inquérito pela Procuradoria-Geral Da República. A Oposição exige explicações e Chega diz que o caso "mina" alternativa de Direita.
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Luís Montenegro assegurou, este sábado, que não se sente “minimamente condicionado” pelos inquéritos do Ministério Público sobre a construção da sua casa em Espinho e negou qualquer “benefício indevido”.
Por sua vez, André Ventura aproveitou para falar de uma eventual aliança com vista a uma maioria de Direita, dizendo que o Chega está “fora” se “as suspeitas se avolumarem” e o caso não for suficientemente esclarecido. Explicações espera, também, o líder do PCP, Paulo Raimundo, considerando que o líder do PSD é o “primeiro interessado” numa clarificação.
“Não me sinto mesmo minimamente condicionado. Convivo bem com o escrutínio de que sou alvo através destes inquéritos e tenho plena confiança e convicção de que serão, precisamente, estes inquéritos que irão demonstrar que tudo está dentro da regularidade”, disse Montenegro no Porto, em conferência de Imprensa.
“Não aceitaria”
Recusando “ser prejudicado”, o líder insistiu que “não há nada de anormal nem mal explicado” no processo da sua moradia, após a Procuradoria-Geral da Rep´ública (PGR) ter aberto uma investigação ao IVA que pagou e aos alegados benefícios fiscais. Montenegro assegurou que não pediu “nem aceitaria” ser beneficiado e, portanto, não usufruiu de “nenhum benefício indevido”.
“Cada cêntimo que investi na casa da minha família foi pago com o esforço do meu trabalho e da minha mulher” e “de acordo com as licenças emitidas pelas autoridades competentes. Cada fatura emitida e paga respeitou o regime fiscal e legal vigente”, defendeu.
A propósito, disse ter pago “faturas à taxa de 23% de IVA até maio de 2017 e de 6%, a partir de junho de 2017”, porque, a 21 de abril daquele ano, “foi publicada, no Diário da República, a Área de Reabilitação Urbana do Litoral de Espinho”.
Enquanto Montenegro insistiu que “ainda bem que o Ministério Público abriu um inquérito”, mas que não falará mais deste processo, Ventura defendeu que deve dar “uma explicação cabal sobre um caso que não está bem explicado”.
“Quando diz que tem documentos e há um jornalista que lhe pede para disponibilizar esses elementos e ele diz que só os disponibiliza em sede de inquérito, isto não é muito diferente do que disse Lacerda Sales no caso das gémeas. Isso não ajuda à democracia”, criticou o líder do Chega.
Afirmou depois que, “se houver carência de explicações” quando “for preciso formar” uma alternativa de Direita “e as suspeitas se avolumarem”, o Chega estará “fora disso”.
Ataques à Justiça
“Isto pode minar a credibilidade de uma alternativa à Direita? Bom não é”, referiu, ainda, André Ventura. Igualmente “fora” estará o Chega se o PSD “cair no erro” de “alinhar no mesmo discurso do PS de ataque à justiça”, continuou, apontando o processo Casa Pia e a operação Influencer.
Já o secretário-geral do PCP afirmou ser “positivo que se esclareça tudo” sobre o processo da casa do líder do PSD. Lembrou que já é um processo antigo e que Luís Montenegro manifestou disponibilidade para esclarecer tudo. “É positivo esclarecer tudo e estou convencido de que Montenegro é o primeiro interessado em que se esclareça tudo rapidamente”, reagiu Paulo Raimundo.