Montenegro diz que candidato por Santarém só fez "alertas" e que ambiente é prioridade
Luís Montenegro colocou-se ao lado do candidato por Santarém, que tem sido atacado por todos os partidos por causa de declarações sobre as alterações climáticas. Para o líder do PSD, Eduardo Oliveira e Sousa só fez alertas e admite que "há zonas de fanatismo ambiental" que têm frustrado projetos de investimento.
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“O que o candidato disse corresponde ao que temos dito em todo o lado”, considerou Luís Montenegro, no final de uma visita ao Centro de Arte Oliva, em São João da Madeira, terra do seu principal adversário nas legislativas de 10 de março, o socialista Pedro Nuno Santos.
O líder do PSD garantiu que a Aliança Democrática (AD) está “absolutamente focada” no combate às alterações climáticas. “Como primeiro-ministro serei intransigente na defesa do ambiente, na defesa de um programa de combate às alterações climáticas”, vincou. Daí já ter anunciado que, se for eleito, fará um conselho de ministros mensal dedicado ao tema.
Luís Montenegro considerou que o cabeça de lista por Santarém, Eduardo Oliveira e Sousa, procurou precisamente dizer isso: que áreas como o Ambiente são prioridades da coligação, embora se defenda um “equilíbrio” com a atividade económica, por exemplo, a agricultura. Interrogado sobre quais são as "falsas razões de ordem climática" que, segundo Eduardo Oliveira e Sousa, estão a impedir novas investimentos, o presidente do PSD declarou: "Nós todos sabemos que há zonas de fanatismo ambiental que muitas vezes têm frustrado projetos de investimento agrícola, florestal, turístico, etc".
“Eu quero um país que possa ter equilíbrio no ambiente. É tão fácil de compreender. Só deturpam estas palavras aqueles que não têm mais nada para dizer nesta campanha”, atirou.
“Estamos absolutamente comprometidos com todas a metas. O que dissemos é que tem que haver um equilíbrio entre tudo o que é a salvaguarda dos ecossistemas com a vida das pessoas e do país. Fui aos 308 municípios, tive com centenas, se não mesmo milhares de agricultores, senti uma sensibilidade dos próprios agricultores para com a preservação do ambiente”, assegurou Luís Montenegro, sem conseguir esconder, porém, alguma irritação com as questões colocadas a propósito das declarações do antigo presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal
Luís Montenegro também defendeu Oliveira e Sousa a propósito da denúncia de milícias armadas de agricultores para combaterem furtos de cobre. Para o líder do PSD, não foi praticado um crime ou um incentivo. Foi apenas feito um alerta para que as forças de segurança intervenham.
"Há roubos no mundo rural"
“O candidato disse que há roubos no mundo rural, há crime organizado para roubar cobre. Ele podia ter dito que não é só no mundo rural, que também é no meio urbano. Eu, na minha zona, conheço várias ocorrências de roubos deste tipo de material. O que ele disse é que os portugueses estão insatisfeitos com a falta de resposta dos poderes públicos para poder travar esta criminalidade”, explicou Luís Montenegro.
“Uma coisa é alertar. Outra é uma palavra de incentivo e, muito menos, de apoio. O objetivo foi dizer ao país que existe esse problema e que os agricultores estão a ficar desesperados, do estilo olhe para isto”, reforçou o líder dos sociais-democratas, acrescentando: “Se os outros partidos acham que o que foi lá dito é crime, estou em desacordo; se acham que alertar para este fenómeno não é correto, estou em desacordo, porque estou ao lado das pessoas. Os agricultores podem saber é que vão ter um Governo ao seu lado, respeitando o ambiente”.
Na visita, Montenegro aproveitou para lançar as ideias do PSD para a Cultura, que passam, nomeadamente, por um reforço, durante uma legislatura, em 50% do Orçamento para a área, na criação de uma lei de mecenato e numa maior introdução de matérias ligadas à cultura logo no 1º ciclo.
O líder do PSD desvalorizou o facto de estar na terra de Pedro Nuno Santos, desejando ao rival socialista, “com o melhor espírito democrático”, “que faça a melhor campanha possível” . E recusou pronunciar-se sobre o desejo de Lucília Gago de se jubilar e não continuar à frente da Procuradoria-Geral da República.
Tenta demarcar-se de Albuquerque
Montenegro também não revelou se irá apoiar Miguel Albuquerque numa eventual recandidatura ao cargo de presidente da Mesa do Congresso, dizendo: “Nem sei quando é o próximo congresso”.
Recorde-se que o mandato de Montenegro na liderança do PSD termina no início de julho, quando se completam dois anos do congresso do Porto, em que sucedeu a Rui Rio. O conclave deste ano deverá ter lugar depois das europeias, tendo Montenegro já revelado que tenciona recandidatar-se à presidência do partido, mesmo que perca as eleições para o Parlamento Europeu. Declarações feitas antes da demissão do primeiro-ministro António Costa e de terem sido convocadas as legislativas antecipadas da próxima semana.
O “rosto” da AD aceitou um repto dos jornalistas para “brincar” em torno do facto de estar a lecar a cabo uma ação de campanha na terra dos sapatos e se já tinha encontrado um par que servisse a um primeiro-ministro, respondendo: “A cada dia que passa fico mais confiante, faltam menos dias para as eleições, só posso estar mais perto”.
Uma hora antes, numa arruada em Oliveira de Azeméis, a dona do restaurante “A Janela”, Margarida Soares, fez questão de lhe cantar um fado, com um tema sugestivo: “Deus me perdoe”. Com bom humor, disse que não era um tema pensado a propósito de qualquer sentido de voto, até porque não prometeu a Montenegro o seu voto por ainda se encontrar entre os indecisos.