Debate desta quinta-feira foi marcado por acusações. Líder da AD diz que Chega não tem decência e rival responde que vai acabar com os “tachos”.
Corpo do artigo
Depois do “não é não”, o debate de ontem entre Luís Montenegro e André Ventura afastou ainda mais os candidatos da AD e do Chega. O tom das acusações chegou a ser quente e com diálogo. Enquanto Ventura acusava Montenegro de manter “26 mil tachos”, o primeiro-ministro respondia que o Chega “não tem maturidade nem decência para governar”, pelo que nunca haverá qualquer acordo.
Para Montenegro, André Ventura “nunca vai ter lugar no Conselho de Ministros”, pois “não tem fiabilidade de pensamento”, “comporta-se como um cata-vento e muda de posições muitas vezes”. Estava lançado o primeiro ataque. Na resposta, Ventura ripostou que a AD “devia ter voltado atrás nos impostos que não baixou, no combate à corrupção que não houve e na saúde para todos que falhou”.
Com o SNS como pano de fundo, ambos divergiam do tema para onde queriam. “Claro que não conseguimos recuperar de um dia para o outro o estado caótico em que estava o SNS”, defendia-se Montenegro, desta vez sem se comprometer com uma data para todos terem médico de família. Ventura aproveitou e carregou na ferida: “Os óculos cor de rosa, que está tudo bem, estamos num país porreiro e que o SNS melhorou não convencem”.
Depois, lançou o ataque que vinha preparado: “No dia em que eu tomar posse, metade destes boys que estão no SNS vão ser todos postos na rua. Tenho à minha frente o primeiro-ministro que mais tachos e nomeações fez dos últimos 20 anos. É tacho atrás de tacho. São mais de 26 mil”.
Chega poria défice em 14%
Enquanto se defendia dos ataques sobre o SNS, Montenegro tentava puxar o debate para a economia. Fez as contas e o programa do Chega “prevê um corte de receita de 40 mil milhões de euros”, ou seja, criaria “um défice de 14%”, acima do registado na bancarrota do tempo da Troika. “Onde é que vai buscar a sustentação?”, questionou diretamente Montenegro.
Na resposta, Ventura também não foi claro. Sem especificar, limitou-se a lançar que estão a ser gastos “milhões em nomeações para observatórios, fundações e subsídios que não interessam para nada”. Preferiu devolver o ataque, criticando o programa do PSD, que prevê os quatro melhores anos desde o início do milénio: “É estratosférico”.