
O primeiro-ministro Luís Montenegro
Foto: Gabinete do primeiro-ministro/Lusa
Luís Montenegro defendeu, esta quinta-feira, que é preciso trabalhar uma mentalidade à Cristiano Ronaldo. Na mensagem de Natal, onde a polémica reforma laboral esteve nas entrelinhas, afirmou que "um país com mais crescimento pode subir os salários". Porque "as coisas não caem do céu", o caminho "implica coragem, resistência, capacidade de diálogo e sentido de unidade nacional". Mas "não temos de estar todos de acordo". Sem nomear destinatários, apelou à responsabilidade, "agora que vamos ter cerca de três anos e meio sem eleições nacionais".
Na tradicional comunicação do primeiro-ministro aos portugueses, Montenegro referiu que, "neste final de 2025, podemos olhar para o próximo ano com mais razões para acreditar que estamos no caminho certo: do crescimento, da estabilidade, da execução de uma agenda transformadora" que nos está a tornar "mais fortes e resilientes". Em particular, defendeu que "os rendimentos dos portugueses estão a subir e a nossa economia a crescer consistentemente acima da média europeia". Mote para voltar a citar a distinção que o país recebeu da revista "The Economist", como economia do ano.
"A solidez económica que estamos a construir assenta num modelo de salários mais altos e impostos mais baixos. Este caminho carece de coragem política e capacidade reformista. Precisamos de ser mais eficientes e mais produtivos para atingirmos novos patamares de crescimento que tragam novos patamares de rendimento", argumentou Montenegro.
Certo de que "temos tudo para elevar a fasquia", o líder da AD defendeu "novas ambições salariais", através de "uma agenda transformadora" com a qual promete aumentar a produtividade e a eficiência.
Contra o "deixa andar"
"Na situação em que estamos, temos duas opções de caminho", avisou em seguida: "Ou nos contentamos com esta circunstância, em que estamos bem, mas sabemos que, se nos mantivermos assim a médio prazo, vamos perder face à evolução dos outros; ou aproveitamos a situação em que estamos e tratamos já de garantir a nossa própria evolução para continuarmos a crescer mais do que os outros no futuro".
Para Montenegro, esta "é a diferença entre jogar para empatar ou ter a mentalidade vencedora de jogar sempre para ganhar".
Após recorrer a esta metáfora desportiva, vincou que opta claramente pela segunda opção, justificando que "estamos num momento histórico em que temos de nos desprender da mentalidade do deixa andar e temos de adquirir e trabalhar a mentalidade da superação".
Por outras palavras, a mentalidade "Cristiano Ronaldo", como a apelidou o primeiro-ministro, garantindo que "arrasta todos e não deixa ninguém para trás".
Após este apelo, argumentou que "um país com mais crescimento pode subir os salários, as pensões, pode apoiar a compra de medicamentos para quem mais precisa, negociar melhores carreiras profissionais, investir mais na habitação, na educação e investir melhor na saúde".
Defendendo que "a criação de riqueza é o meio para sermos uma sociedade com mais justiça, com mais liberdade e felicidade", o líder social-democrata lembrou que, "como diz o nosso povo, as coisas não caem do céu". E "este caminho implica coragem, resistência, capacidade de diálogo e sentido de unidade nacional".
Sem legislativas
"Não temos de estar todos de acordo, mas temos de compreender que não é a nossa posição individual o mais importante. O mais importante é o interesse do país que se reflete no interesse de cada cidadão", prosseguiu o chefe do Governo PSD/CDS-PP.
Numa altura em que o Executivo tem vários dossiês para negociar, entre os quais o anteprojeto que revê a legislação laboral e que levou as centrais sindicais a promoverem uma greve geral, Luís Montenegro sublinhou que, "agora que vamos ter cerca de três anos e meio sem eleições nacionais, é a altura de todos nos focarmos em cumprir a nossa responsabilidade e fazer tudo para garantir a Portugal e a cada português um futuro mais próspero".
O primeiro-ministro terminou a comunicação afirmando aos portugueses que, "neste Natal, a melhor prenda que podemos dar a cada um de nós é acreditar mais em Portugal". E "acreditar é não deixar ninguém para trás, mas não deixar de andar para a frente". Do mesmo modo, significa "não desistir", "não ter medo nem amedrontar", "ser corajoso mas justo".

