Portugal aumenta número de acidentes e baixa o número de mortes na estrada em comparação com 2019, mas a imagem é mais negra numa visão a dez anos.
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Os primeiros cinco meses do ano registaram 182 mortes na estrada, num total de 14658 acidente com vítimas, mas os números que mostram uma redução de óbitos em relação ao ano de referência de 2019 (menos 45 no período homólogo) indicam que o nosso país está pior quando comparado com 2014. Há dez anos, houve menos oito vítimas mortais, menos 161 feridos graves e menos 2474 acidentes, se analisarmos somente a sinistralidade registada em Portugal Continental.
Dados do Eurostat mostram que, entre 2012 e 2022 (os últimos dados disponíveis), há uma descida no número de fatalidades nas estradas da União Europeia, tendência que é contrariada por este aumento no nosso país. Em 2022, ano dos últimos dados disponíveis a nível europeu, Portugal só estava melhor no número de mortes na estrada por milhão de habitantes do que Roménia, Bulgária, Croácia e Grécia.
Nos primeiros cinco meses deste ano, 62,8% dos acidentes ocorreram em arruamentos, representando 34,1% das vítimas mortais (-1,6% e -10,3%, em relação aos períodos homólogos de 2019 e 2023, respetivamente) e 48,2% dos feridos graves. Nas estradas nacionais ocorreram 19,7% dos acidentes, com 35,8% das vítimas mortais (+12,3% e +25,5% face a 2019 e 2023, respetivamente) e 28,9% dos feridos graves. Nas autoestradas registaram-se menos nove vítimas mortais e menos 13 feridos graves em comparação com 2019. Em relação a 2023, houve mais uma vítima mortal, mas menos 16 feridos graves.
Aumento nas duas rodas
Nos números divulgados esta quinta-feira pela ANSR, destaca-se ainda que, apesar de os automóveis ligeiros corresponderem a 72,1% do total de acidentes, há um aumento de 46,2% nos acidentes com velocípedes e de 32,2% nos motociclos, quando se comparam os dados com os do ano de referência de 2019. Há, no entanto, uma redução face aos períodos homólogos de 2019 e 2023 nos ciclomotores, com menos 35,0% e 6,8%, respetivamente.
Face aos primeiros cinco meses do ano passado, registaram-se menos nove vítimas mortais (-4,8%), mas mais 514 acidentes (+3,8%), mais 56 feridos graves (+6,2%) e mais 589 feridos leves (+3,7%). Contudo, o índice de gravidade diminuiu 8,3%, de 1,39 para 1,27.
Para ajudar a explicar este aumento num ano, a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária adianta, em comunicado, que houve em 2024 um aumento na circulação rodoviária, o que corresponde a um acréscimo no risco de acidentes, muito embora se tenha registado uma diminuição de 3,4% no consumo de combustível rodoviário.