O número de vítimas mortais e de feridos graves nas estradas do Continente ocorridas no primeiro semestre deste ano aumentou em comparação com o mesmo período do ano passado e com o ano de 2019, revela um relatório da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR).
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Nos primeiros seis meses do ano morreram 238 pessoas vítimas de acidentes rodoviários no Continente e Ilhas, o que representa um aumento de 24 óbitos relativamente ao mesmo período de 2022, de acordo com o relatório de sinistralidade rodoviária a 24 horas do 1º semestre de 2023, divulgado pela Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR).
De acordo com o documento, "entre janeiro e junho de 2023 registaram-se no Continente e nas Regiões Autónomas 17.121 acidentes com vítimas, 238 vítimas mortais, 1.226 feridos graves e 19.886 feridos leves", o que representa um agravamento nos principais indicadores.
Na comparação com o período homólogo de 2022, e tendo como referência apenas o Continente, "observaram-se aumentos nos principais indicadores: mais 1.358 acidentes (+9,0%), mais 24 vítimas mortais (+11,5%), mais 53 feridos graves (+5,0%) e mais 1.533 feridos leves (+8,7%)", lê-se no relatório. Contudo, a ANSR ressalva que "relativamente a 2022, no primeiro semestre do ano tem vindo a registar-se um aumento da circulação rodoviária com o correspondente acréscimo no risco de acidente, como se pode concluir do aumento de 10,4% no consumo de combustível rodoviário até junho de 2023, de acordo com dados da Direção-Geral de Energia e Geologia, e do aumento de 11,2% do tráfego médio diário da rede de auto estradas".
Por isso, a ANSR privilegia a comparação com 2019 - pré-pandemia de covid-19 e ano de referência para monitorização das metas de redução do número de mortos e de feridos graves até 2030 fixadas pela Comissão Europeia e por Portugal - para concluir que, no Continente, "metade dos indicadores de sinistralidade apresentaram resultados decrescentes: menos 249 acidentes (-1,5%) e menos 994 feridos leves (-4,9%)". Mas, nos indicadores principais, a tendência foi inversa: "Registou-se, contudo, que o número de vítimas mortais e de feridos graves aumentou (+7 e +72, respetivamente)".
No total, Continente e Regiões Autónomas, e comparando com 2019, a ANSR aponta haver "menos 288 acidentes (-1,7%), menos 22 vítimas mortais (-8,5%), mais 65 feridos graves (+5,6%) e menos 1.070 feridos leves (-5,1%)".
Colisões mais frequentes
Em relação à natureza dos acidentes, a colisão foi a mais frequente (53,1% dos acidentes), envolvendo 36,9% das vítimas mortais e 45,7% dos feridos graves. "Os despistes, que representaram 33,5% do total de acidentes, corresponderam à principal natureza de acidente na origem das vítimas mortais (49,4%)", indica o relatório que refere ter acontecido um número de vítimas mortais "semelhante dentro (116) e fora das localidades (117)". Dentro das localidades e comparando com os períodos homólogos de 2019 e 2022, "verificou-se um aumento das vítimas mortais dentro das localidades (+7,4% e +27,5%, respetivamente)".
Em relação ao tipo de via, "64,0% dos acidentes ocorreram em arruamentos, correspondendo a 36,5% das vítimas mortais (+30,8% em termos homólogos) e a 46,2% dos feridos graves". Os dados da ANSR apontam ainda que "nas estradas nacionais ocorreram 19,7% dos acidentes, com 30,5% das vítimas mortais (+14,5%) e 32,5% dos feridos graves (+19,0%)". Nas autoestradas, face a 2022, "apesar do aumento do número de acidentes (+12,0%), registaram-se menos 2 vítimas mortais e menos 11 feridos graves".
Mais infrações registadas
No primeiro semestre "foram fiscalizados 69,9 milhões de veículos, quer presencialmente, quer através de meios de fiscalização automática, tendo-se verificado um aumento de 15,7% em relação ao período homólogo de 2022". O número de infrações também aumentou - ascenderam a 529,9 mil, o que representa um acréscimo de 19,7% face ao período homólogo do ano anterior.
Neste campo, 66,7% do total de infrações registado entre janeiro e junho de 2023 "foi referente a excesso de velocidade (+39,2%). Verificaram-se aumentos em quase todas as tipologias de infrações, destacando-se, para além do excesso de velocidade, as relativas ao sistema de retenção para crianças (+30,8%), à ausência de seguro (+17,8%), entre outras.