O número de vítimas mortais e de feridos graves nas estradas portuguesas ocorridas durante os primeiros dez meses do ano passado aumentou em comparação com o mesmo período de 2022, mas diminuiu face a 2019. Os números estão plasmados no relatório da Autoridade de Segurança Rodoviária (ANSR).
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Entre janeiro e outubro de 2023 morreram 421 pessoas vítimas de acidentes rodoviários no Continente e Ilhas, mais 19 óbitos face ao mesmo período de 2022. De acordo com o relatório de sinistralidade e fiscalização rodoviária relativo aos primeiros dez meses de 2023, divulgado hoje pela ANSR, registaram-se “29.399 acidentes com vítimas, dos quais resultaram 410 vítimas mortais, 2.071 feridos graves e 34.499 feridos leves”.
Em comparação com o período homólogo de 2022, estes números representam um agravamento nos principais indicadores: “mais 1.936 acidentes (+7,0%), mais 19 vítimas mortais (+4,9%), mais 133 feridos graves (+6,9%) e mais 2.268 feridos leves (+7,0%)”. A ANSR salienta que face ao mesmo período de 2022, nos primeiros dez meses do ano passado registou-se um “aumento da circulação rodoviária com o correspondente acréscimo no risco de acidente, como se pode concluir do aumento de 7,1% no consumo de combustível rodoviário até outubro de 2023, de acordo com dados da Direção-Geral de Energia e Geologia”.
Contudo, a ANSR ressalva que em comparação com os números de 2019 – ano de referência para monitorização das metas de redução do número de mortos e feridos graves até 2030 -, registaram-se “menos 177 acidentes (-0,6%), menos 19 vítimas mortais (-4,3%) e menos 1.384 feridos leves (-3,7%)”. Já o número de feridos graves aumentou (+4,8%).
Colisões são mais frequentes e há mais fiscalização
Quanto à natureza dos acidentes, a colisão foi a mais frequente (52,9% dos acidentes), envolvendo 38,5% das vítimas mortais e 46,0% dos feridos graves. “Os despistes, que representaram 34,4% do total de acidentes, corresponderam à principal natureza de acidente na origem das vítimas mortais (49,8%)”, revela o relatório. O número de vítimas mortais fora das localidades (210) foi superior ao observado dentro das localidades (200). Em relação com os períodos homólogos de 2019 e 2022, registaram-se mais vítimas mortais dentro das localidades (+5,3% e +13,6%, respetivamente). Já fora das localidades, verificou-se um aumento ligeiro face a 2019 (+1,4%) e uma diminuição em relação a 2022 (-2,3%).
O relatório de sinistralidade e fiscalização rodoviária nota que quanto ao tipo de via, mais de metade dos acidentes (62,9%) ocorreram em arruamentos, “correspondendo a 31,0% das vítimas mortais”. “Nas estradas nacionais, ocorreram 19,9% dos acidentes, com 32,4% das vítimas mortais (+9,9% e +4,7% face aos períodos homólogos de 2019 e 2022) e 31,5% dos feridos graves. Nas autoestradas, apuraram-se menos10 vítimas mortais e menos 4 feridos graves face a 2019. Comparando com 2022, houve menos 4 vítimas mortais e menos 17 feridos graves”, lê-se no comunicado.
Olhando para a categoria de utilizador, a maioria das vítimas mortais (71,7%) eram condutores, 16,1% eram passageiros e 12,2% peões. “Em relação à categoria de veículo interveniente nos acidentes, os automóveis ligeiros corresponderam a 70,4% do total”, aponta a ANSR. Já considerando as vítimas totais por categoria de veículo, verificou-se, entre janeiro e outubro do ano passado, que 53,4% do total de vítimas deslocava-se num veículo ligeiro, 22,0% circulava em motociclos e 7,5% em velocípedes.
Em relação à fiscalização de veículos e condutores, a ANSR indica que foram fiscalizados 134,4 milhões de veículos, mais 24,3% em relação ao mesmo período de 2022. Segundo o relatório, as “infrações ascenderam a 1,1 milhão, ou seja mais 12,3% face ao período homólogo do ano anterior”. A maioria (70,6%) foi referente a excesso de velocidade. Entre janeiro e outubro de 2023, foram submetidos ao teste de pesquisa de álcool 1,5 milhões de condutores. E desde junho de 2016 até final de outubro de 2023, 634,9 mil perderam pontos na carta de condução, 2811 condutores ficaram com o seu título de condução cassado.