A elevada taxa de mortalidade materna registada em 2020 estará relacionada com problemas nas notificações. O obstetra Diogo Ayres de Campos, que está a acompanhar o trabalho da Direção-Geral da Saúde na revisão dos óbitos apurados naquele ano, afirmou esta manhã de quarta-feira no Parlamento que o problema não é tão grave como se pensava inicialmente.
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Embora os números finais ainda não estejam disponíveis, o especialista explicou que "muitas das mortes identificadas como mortes maternas são mortes de senhoras que aconteceram na gravidez, mas não por complicações da gravidez" ou por agravamento de doenças pré existentes por causa da gravidez.
"Muitas não são, de facto, mortes maternas", realçou Diogo Ayres de Campos, assegurando que a situação "não é tão grave" como inicialmente se pensava.
Como o JN noticiou em maio passado, a taxa de mortalidade materna atingiu, em 2020, os 20,1 óbitos por 100 mil nascimentos, num total de 17 mulheres que morreram devido a complicações da gravidez, parto e puerpério. Um número que não se via há 38 anos e que levou a Direção-Geral da Saúde a criar uma comissão para estudar e acompanhar a situação.
Diogo Ayres de Campos integra essa comissão e avançou que muitas das mortes maternas identificadas em 2020 foram mal notificadas.
O especialista foi ouvido esta manhã de quarta-feira na Comissão de Saúde enquanto coordenador da Comissão Acompanhamento da Resposta em Urgência de Ginecologia/ Obstetrícia e Bloco de Partos sobre o eventual encerramento de seis maternidades públicas.