Há carros TVDE que recebem menos de 40 cêntimos por quilómetro e estafetas que esperam horas por 1,30 euros. Dezenas de motoristas manifestam-se esta segunda-feira em Lisboa. A aprovação de uma tarifa minima e fiscalização são exigências.
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Há seis ou quatro anos o valor por serviço era quase o dobro do pago atualmente garantem motoristas ao JN. As duas operadoras UBER e Bolt "lutam diariamente" para baixar os preços e sem um valor mínimo, já muitas microempresas e 80% correm o risco, alerta o presidente da Associação Movimento Nacional TVDE, Victor Soares.
"O setor está desregulado. Daqui a nada lutamos uns contra os outros por serviço, para pagarmos as dividas ao banco", afirma Vítor Soares em frente ao Parlamento. A direçao da associação é recebida amanhã pela bancada do PSD e aguarda resposta ao pedido de reunião feito à IL. Os projetos de lei dos dois partidos baixaram à comissao de Economia. A aprovação de uma tarifa mínima está prevista mas a entrada de empresas de táxi no ramo TVDE também está e a associação rejeita por ser outra ameaça à sustentabilidade do setor, garante Victor Soares.
Na pandemia, Pedro Carvalho fechou a imobiliária e criou uma microempresa com um carro TVDE de luxo. Investiu 100 mil euros, tem de mudar de pneus duas vezes por ano, fazer revisão de dois em dois meses, despesas de milhares que se somam à subida de combustíveis, portagens, seguros. E a tarifa "desceu para quase metade", garante ao JN.
Nos ultimos anos as licenças atribuidas passaram de 20 mil para quase 80 mil. Exame de português não é obrigatório, sendo outra reivindicação, não prevista nos projetos aprovados na generalidade no Parlamento.
Há motoristas que só trabalham ao fim de semana ou nas férias. Ainda assim, afirma Manuel Filipe Ferreira, "há mais oferta do que viagens".
Manuel Filipe Ferreira era empresário de restauração antes de investir em carro TVDE há seis anos. Na altura era "rentável", agora não, garante. A desregulação e falta de fiscalização do setor favorece redes de imigração ilegais.
Marcel Borges e Hans Dommer dos grupos "Estafetas em Luta" e "Estafetas Unidos" também alertam para as redes de imigração ilegal sem controlo a operar em Portugal.
Os estafetas também não têm e reivindicam uma taxa minima por entrega. A maioria trabalha mais de 12 horas por dia, sem horarios ou turnos, sendo o trabalho noturno, fins de semana e feriados pago a valores ainda mais baixos pelas operadoras. As taxas variam entre os 1,40 euros e os três euros mas a entrega do serviço, explica Hans Dommer, é por algoritmo não pela ordem de chegada dos estafetas aos restaurantes. "Há quem tenha bloqueadores de sinal e equipamentos para manipular as aplicações", denuncia.
Mauro Castro era o rosto da desmotivação na manifestação e critica a falta de regulação e de fiscalização mas considera que "nao existe vontade politica para mudar o setor. Há politicos e deputados com frotas de TVDE ou tuc-tuc, enquanto assim for, não tenho esperanças", afirma ao JN.
As associações de estafetas prometem nova manifestação em março e pretendem bloquear todos os Macdonald's nesse dia.