Câmaras exigem que serviço seja regularizado e melhorado até à emissão da próxima fatura.
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Os sete municípios acionistas da Águas do Alto Minho (AdAM) lançaram ontem um ultimato àquela empresa, constituída em janeiro de 2020 no distrito de Viana do Castelo em parceria com a Águas de Portugal (AP): tem até à próxima fatura para regularizar a sua atividade e melhorar a qualidade do serviço.
"Não há outro caminho senão mudar o serviço", vincaram, refutando para já a possibilidade de reversão do sistema de gestão das águas aos municípios. Manifestaram a intenção de "tomar medidas", caso não sejam atendidas as suas exigências de que "se vire uma página na dececionante vida da AdAM" e que se inicie "um novo ciclo de credibilização, de dedicação à comunidade e de investimento".
Em causa está mais de um ano de queixas por parte da população por causa de erros de faturação, cobrança de valores "exorbitantes" e deficiente atendimento presencial e telefónico.
longas filas
Nos últimos dias, clientes têm formado longas filas à porta das lojas da empresa para reclamar das faturas. Era esse o cenário ontem, ao final da manhã, junto à sede da AdAM em Viana do Castelo, à hora em que os autarcas davam uma conferência de imprensa para assumir uma posição a uma só voz. "Estou aqui desde as 8.30 horas. Quando cheguei, já aqui estavam pessoas. Vim reclamar porque estão-me a cobrar novamente três faturas que já paguei no ano passado. Tive de vir aqui porque eles não atendem os telefones", contou Fátima Duro, residente naquela cidade.
Os presidentes das câmaras de Viana do Castelo, Caminha, Valença, Paredes de Coura, Vila Nova de Cerveira, Arcos de Valdevez e Ponte de Lima, acionistas da AdAM, declararam a "desilusão" face ao desempenho da AdAM e que chegou "o tempo de dizer basta".
"Basta de erros, de promessas, de faturas fora de horas, de códigos de pagamento caducos, de valores exorbitantes, estimativas irrealistas, telefones não atendidos e de comunicação errática", escreveram num comunicado lido pelo autarca de Viana, José Maria Costa, apresentando aos munícipes "um sincero pedido de desculpas".
"As pessoas têm razão quando reclamam", afirmou o autarca de Caminha, Miguel Alves, sublinhando: "Todas as hipóteses estão em aberto. A nossa expectativa é que as coisas comecem a melhorar a tempo da próxima faturação. Se não melhorarem, não vamos ficar parados. Temos feito um debate privado, nos locais próprios, nos órgãos de gestão, mas se as coisas não mudarem, então, temos que ser nós a mudar".
SAIBA MAIS
Críticas têm um ano
O desempenho da AdAM está debaixo de críticas desde que entrou em atividade, em janeiro de 2020. Um dos seus "erros grosseiros de faturação" mais conhecidos envolveu um habitante de Vila Praia de Âncora, que recebeu uma fatura de mais 52 mil euros.
CDU cria simulador
A CDU de Viana do Castelo defende a reversão da gestão da água para os municípios e criou um simulador na Internet para que os consumidores possam conferir se os valores a cobrar pela empresa correspondem ao consumo.