Várias mutualidades estão a criar uma federação para ganharem escala e concorrerem aos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Luís Alberto Silva, presidente da União das Mutualidades Portuguesas (UMP), diz que a intenção é avançarem com projetos na área da saúde e da habitação social e acessível.
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Um conjunto de "oito a nove" mutualidades já manifestou interesse em agruparem-se numa federação, tendo até pedido ajuda ao departamento jurídico da UMP. Estão também a procurar obter a aprovação dos associados em assembleias que deverão decorrer até ao final de março.
Em abril "deverão estar criadas condições para avançar com a escritura pública e o registo da Direção-geral", adiantou ao JN Luís Alberto Silva, explicando que as instituições mutualistas querem "aproveitar as medidas da habitação social e acessível do PRR e criar clínicas de saúde em vários pontos do país". "Uma [instituição} sozinha teria muita dificuldade mas juntas podem abranger uma área maior do território".
As instituições "têm de estar disponíveis para arranjarem soluções no momento em que há condições políticas e medidas financeiras para minimizar estes investimentos. É uma oportunidade que o movimento mutualista não pode desperdiçar", afirmou.
A habitação - apesar de existirem alguns projetos, nomeadamente no Porto e em Évora - é "uma área na qual [as mutualidades] adormeceram um bocadinho", admite o responsável. A intenção é aproveitar os fundos para "reativar e criar situações novas".
Este sábado decorre na Mealhada a V Reunião Anual de Presidentes Mutualistas, um encontro que contará com a presença do secretário de Estado da Segurança Social, Gabriel Bastos, e do antigo ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes. O momento será aproveitado também para apresentar o estudo "As organizações mutualistas na sociedade portuguesa do século XXI", desenvolvido pela Universidade de Aveiro.
Entre as questões levantadas estão a necessidade de rejuvenescer as instituições e a capacitação dos seus dirigentes, áreas nas quais a UMP tem procurado agir. "Estamos a procurar sensibilizar as nossas instituições para que elas integrem nos órgãos associativos pelo menos um elemento jovem e uma mulher", diz Luís Alberto Silva. Também a capacitação é considerada "fundamental". "Se não tivermos mais formação, os dirigentes acabam por não ter uma mente aberta nem conhecimento", importantes para estarem "atentos às mudanças da sociedade e corresponderem às necessidades".