"Não fui sensível a razões partidárias" na escolha de 30 de janeiro, diz Marcelo
Marcelo Rebelo de Sousa garante que "não foi sensível a razões partidárias" na escolha do dia 30 de janeiro para a realização das eleições legislativas. "O presidente cortou a direito, pensando no interesse nacional", declarou, esta sexta-feira, em Évora.
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Um dia depois do anúncio da dissolução da Assembleia da República e da escolha do dia 30 de janeiro para a realização das próximas legislativas, Marcelo Rebelo de Sousa está convicto de que os portugueses apoiam a sua decisão, baseada em três circunstâncias fundamentais: permitir que a campanha eleitoral possa decorrer sem atropelos após a época festiva do Natal e do Ano Novo; a convicção de que o sufrágio deveria ter lugar o mais rapidamente possível, ainda em janeiro; e acolher a "preocupação da Assembleia da República e do Governo de fazerem aprovar diplomas que consideravam fundamentais", concedendo-lhes "quase um mês de trabalho para votar pacotes tão importantes, como o da corrupção, diretivas comunitárias urgentes, diplomas fundamentais em matéria de medidas sociais pós-pandemia".
O chefe de Estado recusa comentar as críticas dos dirigentes partidários, embora ressalve que, face às "óbvias" razões de interesse nacional", todos teriam de fazer "sacrifícios". Na escolha da data para o sufrágio, insiste, não pesou minimamente os interesses partidários. "O presidente não comenta críticas de dirigentes nem interesses partidários. Respeita-os, porque não há democracia sem partidos. Aqui eram tão óbvias as razões de interesse nacional que implicavam sacrifícios para todos. Uns gostariam muito mais cedo, outros mais cedo. O presidente cortou a direito, pensando no interesse nacional".
Certo de que fez o que tinha de fazer, com respaldo de uma posição maioritária "esmagadora" do Conselho de Estado, Marcelo também está convicto de que os portugueses entendem e aprovam a sua decisão. E cita as "sondagens". O JN, TSF e DN avançaram, na passada quarta-feira, com uma sondagem da Aximage que dá conta que a maioria dos portugueses concorda com eleições antecipadas. A decisão do presidente da República tem o apoio de 59% dos inquiridos.
"O presidente define-se em função do interesse nacional e não foi sensível a razões partidárias minimamente. Basta ver os prazos para ver como não foi sensível. O prazo de entrega de candidaturas significaria, tal como as coisas estavam no momento" da comunicação ao país, "que as decisões partidárias seriam posteriores ou, no máximo, simultâneas com o fim do prazo de entrega de candidaturas", sublinhou ainda. Marcelo reconhece ter tido em consideração a necessidade de fazer eleições rapidamente, ainda em janeiro, "a tempo de haver a campanha e debates, participando o maior número de forças concorrentes, num tempo que não fosse em cima do Ano Novo, bebendo da experiência que tive como candidato. E que provou que não era boa ideia haver sobreposição do período de debates ou de campanha eleitoral com o período de Natal e do Ano Novo. Num espírito democrático, é importante que tudo se passe em normalidade daqui até ao dia das eleições".