O movimento internacional “The Surge” considera que a ascensão da extrema-direita, a guerra na Palestina e as alterações climáticas exigem um combate articulado. Cerca de 100 pessoas marcharam este sábado em Lisboa mas o protesto em mais 29 cidades europeias juntou milhares. "Não há futuro sem paz", ouviu-se.
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Foi o primeiro protesto de rua do "The Surge". De Estocolmo a Lisboa, passando por Madrid, Barcelona, Bruxelas, Budapeste, Londres ou Amesterdão, as marchas deste fim de semana, garante Leonor Canadas, que integra o movimento em Portugal, “são apenas o primeiro momento de mobilização nas ruas”. O movimento quer crescer e “consolidar convergências”. Por isso, nos próximos meses deve realizar um congresso internacional.
“Há interligações. A extrema-Direita não pode ser combatida num contexto de conflitos armados e de caos climático. São as condições perfeitas para mais guerra”, defendeu Leonor Canadas ao JN. O Chega, considera, é uma ameaça mas também “um sintoma muito claro de um capitalismo em decadência sem nenhum rumo alternativo do que o colapso de regimes autoritários, guerras, genocídio e extinção”.
Antes da marcha partir, Arturo Rodriguez distribuía autocolantes contra a guerra na Palestina. O historiador espanhol vive em Portugal há três anos. É investigador e docente na Faculdade de Ciências, Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Marcou presença no protesto condenar o “genocídio em Gaza”. E repete o argumento do The Surge de que o mundo enfrenta um ataque global, “reflexo da crise do sistema capitalista, com lutas imperialistas pelo domínio do comércio mundial”. Caso do Médio Oriente, Ucrânia ou Sudão, aponta.
Eduarda Couto aderiu à marcha por “acreditar no poder da sociedade civil”.
“A luta pela justiça climática, pela liberdade da Palestina e contra o Fascismo e Racismo estão todas interligadas e superam as divergências partidárias”, afirma ao JN a gestora de projetos de energia renovável.
Rebeca Sá Couto distribuía informação do “parents for peace” - um “grupo de pais e mães que incapazes de ficar indiferentes” à morte de tantas crianças e civis na Palestina se organizaram. Participam em macrhas e protestos, promovem eventos como piqueniques ou bazares de natal de recolha de fundos para crianças palestinianas. Um dos objetivos, explicou ao JN, é explicarem aos mais pequenos fenómenos complexos como a guerra.
Sem bandeiras de partidos, as faixas e os slogans, gritados em português e em inglês. “
Bella Ciao”, a canção da resistência italiana contra o fascismo durante a II Guerra Mundial, foi entoada em Lisboa. As faixas são de temas diversos: da ameaça do fascismo ao genocídio no Palestina, do combate à indústria fóssil à imigração. Recados ao Chega e ao Governo mas também aos demais partidos ara que conversem menos e ajam mais como manda a canção.