A coordenadora do Bloco de Esquerda defendeu este domingo que as propostas que constam do programa eleitoral do PS não contribuem "para baixar o preço das casas" e que "a matriz de intervenção é a dos benefícios fiscais".
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"Não há medidas no programa [eleitoral] do Partido Socialista para baixar o preço das casas", afirmou Mariana Mortágua, em conferência de imprensa, esta manhã na sede nacional do partido, em Lisboa.
A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) acusa o partido liderado por Pedro Nuno Santos de insistir "exatamente nas mesmas propostas que arrastam" a crise da habitação "até hoje".
"Terão talvez um impacto daqui a 20 anos no mercado de habitação", mas "abandonam a população hoje", acusou.
A coordenadora bloquista alega que "a matriz de intervenção" em matéria de habitação "é a dos benefícios fiscais, que já se provou irrelevante, inconsequente, inútil e ineficaz".
Dar "poder aos inquilinos" para denunciarem contratos
O Bloco de Esquerda apresentou hoje seis medidas, que vão constar do seu programa eleitoral, para responder à crise da habitação, que incluem simplificar a lei do arrendamento, “dar poder aos inquilinos” para denunciarem contratos, garantindo que não haverá retaliações, e uma moratória à construção de novos hotéis.
A crise da habitação tem vindo a gerar novos pobres, mas também novos milionários e é hoje uma condição das desigualdades", afirmou coordenadora do Bloco de Esquerda.
Mariana Mortágua alerta que "nos últimos anos" os preços das casas em Portugal aumentaram "de forma desproporcional face aos salários", o que significa que "a maior parte das pessoas" não consegue "aceder a uma habitação digna e adequada às suas necessidades".
A deputada bloquista avisa que o país atravessa, por um lado, uma "crise social", com "as barracas a voltarem", "pessoas a viverem em tendas" ou a terem que se "deslocar para muito longe do seu local de trabalho" para conseguirem uma casa e, por outro lado, "os cinco maiores bancos lucraram só no ano passado 5 mil milhões de euros" e "a taxa de retorno média dos fundos de investimento imobiliários portugueses foi de 35%".