Quem esperava um debate aguerrido entre António Costa e Catarina Martins desiludiu-se. Sempre em tom ameno, a coordenadora bloquista reafirmou que o partido "estará sempre disponível para soluções de estabilidade" para a vida dos portugueses. O secretário-geral do PS seguiu a mesma linha: "Não vou agora fechar uma porta que abri há quatro anos".
Corpo do artigo
Foi, em todo o caso, Costa quem primeiro atirou. "Um programa de Governo não é uma lista de Natal", disse, a propósito do compromisso do Bloco de investir 30 mil milhões de euros, na próxima legislatura. "É absolutamente irrealista". E criticou o programa de nacionalizações do BE (Aeroportos de Portugal, CTT, REN, EDP e Galp) - o dinheiro é preciso no Serviço Nacional de Saúde e na Educação, alegou.
"Não vale a pena fazer malabarismos"com os números, já que "o Bloco fez as contas e explica por que é sustentável", respondeu Martins. Ao invés, disse, é o Partido Socialista quem não mostra as contas no programa de Governo. Não se sabe, por isso, de que forma António Costa quer aumentar salários na Função Pública, descongelar carreiras e contratar pessoas. "Os 95 milhões de euros previstos não chegam sequer para fazer aumentos à inflação".
O primeiro-ministro respondeu com um ataque às propostas para a Habitação, uma das bandeiras do BE, e garantiu que as contas bloquistas estão "desconformes à realidade".
Em matéria de contas, todavia, Catarina Martins usou o trunfo das contas dos partidos e afirmou que as do Bloco passaram no teste do Tribunal Constitucional, ao contrário das do PS. "É em casa que se começa".
Nenhum antecipou cenários pós-eleitorais. Costa falou, de passagem, do perigo de Portugal viver um impasse político como o espanhol (referência velada ao que sucederá se a Esquerda tiver muita força) e Martins afirmou, só uma vez, que "uma maioria absoluta é perigosa".