Penas aplicadas a médicos ainda por cumprir. Conselho Disciplinar do Sul abre processo a Fernando Nobre.
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Os médicos do movimento "Médicos pela Verdade" recorreram das decisões do Conselho Disciplinar Regional do Sul da Ordem dos Médicos e, por essa razão, ainda não cumpriram as penas que lhes foram aplicadas. Dentro de um mês deverá haver nova decisão. Esta semana, o mesmo organismo abriu um procedimento disciplinar a Fernando Nobre, presidente e fundador da Assistência Médica Internacional (AMI) e ex-candidato a presidente da República.
O processo tem por base "queixas externas" sobre as declarações de Fernando Nobre sobre os testes PCR, contra a vacinação e o uso de máscaras e sobre a participação de médicos nas áreas dedicadas à covid-19.
Presente numa manifestação de negacionistas, o médico afirmou que "93% a 97% dos testes PCR são falsos positivos" e garantiu que se curou da covid-19 com fármacos sem indicação ou aprovação para a covid-19, nomeadamente azitromicina, hidroxicloroquina e ivermectina. "Numa semana, estávamos todos curados", assegurou, referindo-se também à mulher e filha. Fernando Nobre disse ainda ser "inacreditável" vacinar crianças e jovens dos 12 aos 16 anos e acusou os médicos de ganharem mais dinheiro pelo trabalho nos "covidários".
George desafia nobre
As declarações incendiaram as redes sociais e, dias depois, a AMI procurou conter os danos com um comunicado a dar nota da ajuda prestada pela Organização Não Governamental em Portugal e no Mundo no âmbito de ações de combate à covid. Entretanto, o ex-diretor-geral da Saúde Francisco George considerou as declarações de Fernando Nobre "intoleráveis" e desafiou o médico para um debate sobre vacinação.
As queixas não demoraram a chegar à Ordem dos Médicos (OM) que já confirmou a abertura do processo disciplinar. O médico tem 15 dias úteis para responder, acrescidos de outros sete. Se responder, o Conselho terá a sua posição em consideração. Concluída a decisão, o visado no processo pode recorrer da condenação.
apresentam testemunhas
Foi, aliás, o que aconteceu nos processos abertos a cinco membros do movimento "Médicos pela Verdade". Os acusados recorreram da decisão e apresentaram testemunhas, afirmou, ao JN, Maria do Céu Machado, presidente do Conselho Disciplinar Sul da OM. O que significa que as penas aplicadas - censura a todos e suspensão de seis meses no caso da fundadora do movimento Maria Margarida Oliveira - ainda não foram cumpridas.
"Dentro de três semanas a um mês devemos ter um relatório final", adiantou a presidente. O processo pode não terminar por aqui, pois os envolvidos podem recorrer para o Conselho Superior (junta médicos dos três conselhos disciplinares) e para os tribunais.