Estava previsto terminarem esta quarta-feira mas, afinal, as negociações entre ministro e sindicatos sobre as assimetrias na carreira docente vão prosseguir: vão ser agendadas, pelo menos, mais duas reuniões nas próximas semanas. E assim, sem sinal de acordo e muitas questões "por responder", as greves distritais agendadas para o arranque do 3.º período mantém-se, garantiu o líder da Fenprof, à saída do ministério.
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"O ministério e o Governo são um osso duro de roer mas nós temos os dentes afiados", afirmou Mário Nogueira, quando confrontado com o arrastar dos protestos. A manter-se serviços mínimos, sublinhou, as nove organizações, avançou, vão apelar a que essa resposta se concentre na parte da manhã para que os docentes possam fazer greve a partir do meio-dia.
Além das duas novas reuniões agendadas - uma técnica, outra negocial - os sindicatos podem ainda pedir rondas suplementares.
Só a recuperação do tempo de serviço pode corrigir as assimetrias na carreira, insistiu Nogueira.
A proposta entregue aos sindicatos prevê o acelerar das progressões para os professores que aguardam vaga para o 5.º e 7.º escalões desde o descongelamento da carreira em 2018, a isenção de vagas para quem está entre o 1.º e o 6.º e a redução num ano na duração do módulo para os docentes que estão posicionados a partir do 7.º escalão. Para beneficiarem das medidas, os professores têm que estar em funções desde agosto de 2005 e ter passado pelos dois congelamentos (entre 2005 e 2007 e de 2011 a 2017 inclusive).
Uma das dúvidas das organizações é se os docentes para beneficiarem das medidas têm de ter cumprido integralmente os nove anos, quatro meses e dois dias congelados.
As organizações rejeitam a proposta por não propor a recuperação do tempo de serviço, nem a eliminação de vagas para progressão e quotas na avaliação - as três principais reivindicações a alimentar as greves. Os requisitos, voltou a garantir Nogueira, excluem muitos docentes e as medidas criam "novas assimetrias".
"Não se peça serenidade às escolas quando os professores continuam a ser roubados em tanto tempo", defendeu Mário Nogueira, garantindo que os professores estão disponíveis para fasear a recuperação do tempo além da legislatura mas também estão mobilizados para continuar os protestos.
Para o líder da Fenprof, o prolongamento das reuniões pode ser sinal de que o Governo vai propor outras soluções, além das que estão neste momento em cima da mesa.