Rui Rio até pode ganhar o duelo televisivo de hoje contra António Costa. E especialistas em Ciência Política acreditam que é provável, apesar de partir em desvantagem.
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Mas dificilmente conseguirá inverter o resultado de sondagens que dão o PS perto de uma maioria absoluta. O líder do PSD vai acabar a lutar por um "resultado honroso", que evite o fim do sistema político assente na bipolarização e lhe garanta a manutenção da liderança.
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"A opinião das pessoas já está formatada há muito tempo", considera o especialista em Ciência Política, da Universidade do Minho, José Palmeira, convicto de que António Costa ainda beneficia do facto de a conjuntura ser favorável ao Governo.
"Os debates não influenciam. O problema também está em saber quantas pessoas vão ver o debate", acrescenta o investigador de Ciência Política José Adelino Maltez. "A campanha tem sido insípida, pouco inovadora e já existe algum cansaço das pessoas. Os debates não vão fazer vacilar o sentido de voto", concorda o consultor de comunicação, Rui Calafate.
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Uma prova de vida
Além de ultrapassar esse estado de sítio, o líder do PSD tem que levar o eleitorado a ouvir as suas propostas. "Os seus argumentos não chegam às pessoas", crê José Palmeira. "Rui Rio vai com muito atraso para conseguir uma recuperação", acentua José Adelino Maltez.
Para Rui Calafate, o líder do PSD até goza de uma imagem de "homem de contas certas, austero, impoluto ". Só que, "ainda não conseguiu ser visto como "um verdadeiro candidato a primeiro-ministro". "Parece que o jogo já está decidido. Vai ser um duelo entre um primeiro-ministro e o líder do maior partido da oposição", reforça Rui Calafate.
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Rui Rio parte, assim, em desvantagem para o único frente a frente televisivo que terá com António Costa. "O seu papel é um pouco ingrato. É quem tem o trabalho mais difícil. As eleições vão ser uma espécie de prova de vida para ver se se mantém na liderança", considera José Palmeira.
Armas que serão usadas
"A pressão está do lado de Rui Rio", concorda Rui Calafate. "Uma vitória pode ser evitar que o PS tenha maioria absoluta", reforça José Adelino Maltez, lembrando que o ex-autarca ainda tem que lidar com a "sangria interna". E essas poderão ser armas para o líder do PS usar hoje.
"António Costa pode dizer que se Rui Rio não consegue se impor no partido como o vai fazer a nível nacional", crê José Palmeira. "António Costa vai confortável para o debate. Por isso, pode ter agressividade. É um jogador de meio-campo com contra-ataques potentes. Vai introduzir farpas que se podem traduzir em golos", antecipa José Adelino Maltez.
Perante isso, Rui Rio até pode ganhar o debate, porque parte com baixas expectativas. Mas isso não lhe irá garantir uma vitória no dia 6, defende Rui Calafate. "Pode ter como objetivo obter os 25%. Se o PSD entra nos 20% acaba o sistema político, assente na bipolarização", concluiu Maltez.
