No último ano em que os exames só contam para acesso ao Ensino Superior, nenhuma prova registou média nacional negativa. Só Geometria Descritiva A – que caiu pelo segundo ano consecutivo –, teve um resultado abaixo de 10 valores mas ainda assim positivo: 9,7 valores.
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Nas subidas e descidas, as médias de dez entre 25 provas subiram e duas mantiveram-se iguais. Entre os exames com mais alunos inscritos, Português e Biologia/ Geologia subiram, passando de 10,9 e 10,8 para 12,5 e 11,4 valores, respetivamente. Já Matemática A e Física e Química desceram ligeiramente de 11,9 e 11,7 para 11 e 11,2 valores.
Matemática A com mais 20’s
Matemática B (disciplina bienal do curso de Artes Visuais), única prova com média negativa no ano passado (8,9 valores) registou a maior subida, este ano, para 11,3 valores.
Sem contar com os exames a línguas estrangeiras que têm de fazer média com as provas orais, nas restantes provas registaram-se 57 201 negativas, quase 30% das classificações.
Matemática A foi o exame com mais negativas: 12 612 (27,3% das notas) mas também foi a prova com mais notas 20 e acima dos 18 valores: 3663, 120 das quais nota máxima.
O presidente da associação de professores de Matemática, Joaquim Pinto, destaca esse número de boas classificações. “É sinal que a disciplina está bem servida de professores. A maior preocupação”, frisa, é a falta de docentes que “já se sente e se vai sentir cada vez mais”. Sendo essencial que sejam “qualificados”, isto é, com mestrado em ensino, defende. Quanto aos resultados, “são os que se esperavam”.
A vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática, Isabel Hormigo, também desvaloriza a descida de 9 pontos percentuais na média nacional. Não sendo possível uma análise detalhada e distinta entre os resultados dos alunos que fizeram o exame para aprovação à disciplina e para acesso ao Superior, regista-se uma “estabilidade”. “O que, mais uma vez, nos leva a interrogar sobre a razão para as previstas revoluções nos programas do Secundário, numa altura em que tanto se tem feito pela recuperação da estabilidade dos alunos após a pandemia e a falta de professores”, sublinha Isabel Hormigo.
Já Joaquim Pinto, que aprova o novo programa que começará a ser aplicado a partir de 2024, considera que as mudanças permitirão reduzir o “número exagerado de negativas”.
Já a dirigente da Associação de Professores de Português, Carmo Oliveira, atribui à prova as razões da subida. Se no ano passado saiu Camões e Fernando Pessoa, este ano foi José Saramago – última matéria a ser dada – e o tema da composição foi o impacto da tecnologia na vida das pessoas. “É o mundo deles. Foi muito fácil”, afirmou.